Valdi Junior/VALOR MERCADO
Segunda quinzena de abril. E nada de chuva. Pois é. O nordestino, homem do campo, começa a olhar para o céu em busca de nuvens que sinalize o início da estação chuvosa. Os dias passam, a pastagem seca e a terra está sem condições de aragem. É a realidade.
Embora o inverno cronologicamente tenha início marcado para junho, a chuva chega à região do Nordeste Oriental em março dando continuidade à sequência das trovoadas – chuvas de verão nos meses de janeiro e fevereiro – o que ainda não ocorreu neste ano de 2012.
E o fato preocupante para o Nordeste é a mudança de temperaturas das águas dos oceanos Atlântico e Pacífico. A temperatura da água do Oceano Atlântico Sul está esfriando e do Atlântico Norte está subindo, provocando o que os pesquisadores chamam de dipolo negativo, impedindo a formação de nuvens e de massa de ar fria com direção ao litoral nordestino. Menos precipitação.
Do outro lado do continente sul-americano, no Oceano Pacífico, os dados de satélite registram leve aumento da temperatura das água, o que antecipa a chegada do fenômeno El Nino. Consequências: ar seco em torno da Cordilheira dos Andes e da Floresta Amazônica impedindo a passagem de ventos úmidos que ajudam na formação das nuvens para o interior do Brasil.
Essa mudança de temperatura das águas dos oceanos sinaliza que o Nordeste brasileiro, a qual está incluído o Estado de Alagoas, poderá vir a sofrer os efeitos de longa estiagem neste ano de 2012.
Muitos municípios nordestinos já estão decretando calamidade pública. Os governos devem estar atento a esse possível cenário que causará impacto negativo social e econômico no campo e na cidade.
É hora de estar vigilante.