13/06/2022 11h12

Alagoas precisa qualificar 58 mil trabalhadores em ocupações industriais até 2025

Projeção aponta que, desse total, 45 mil já têm uma formação ou estão inseridos no mercado de trabalho, mas devem se atualizar

Qualificação dos alagoanos será determinante para a preencher novas vagas de trabalho que serão abertas na indústria

 

Até 2025, o estado de Alagoas precisará qualificar 58 mil pessoas em ocupações industriais, sendo 13 mil em formação inicial – para repor inativos e preencher novas vagas – e 45 mil em formação continuada, para trabalhadores que devem se atualizar.

Isso significa que, da necessidade de formação nos próximos quatro anos, 77% serão em aperfeiçoamento. As ocupações industriais são aquelas que requerem conhecimentos tipicamente relacionados à produção industrial, mas estão presentes também em outros setores da economia.

O mercado de trabalho passa por uma transformação, ocasionada principalmente pelo uso de novas tecnologias e mudanças na cadeia produtiva; e, cada vez mais, o Brasil precisará investir em aperfeiçoamento e requalificação para que os profissionais estejam atualizados.

Em todo o país, a demanda é de 9,6 milhões de trabalhadores qualificados. Os dados e a avaliação são do Mapa do Trabalho Industrial 2022-2025, estudo realizado pelo Observatório Nacional da Indústria para identificar demandas futuras por mão de obra e orientar a formação profissional de base industrial no país. A demanda por formação no estado por nível de qualificação será de:

 

Nível de qualificação Demanda
Qualificação (menos de 200 horas) 34.054
Qualificação (mais de 200 horas) 11.705
Técnico 8.922
Superior 3.842
TOTAL 58.523

 

Em volume, ainda prevalecem as ocupações de nível de qualificação, que respondem por 74% do emprego industrial no Brasil hoje. Contudo, chama atenção o crescimento das ocupações de nível técnico e superior, que deve seguir como uma tendência. Isso ocorre por conta das mudanças organizacionais e tecnológicas, que fazem com que as empresas busquem profissionais de maior nível de formação, que saibam executar tarefas e resolver problemas mais complexos.

As áreas com maior demanda por formação são: Construção, Metalmecânica, Transversais, Logística e Transporte, e Alimentos e Bebidas. As ocupações transversais são aquelas que permitem ao profissional atuar em diferentes áreas, como técnico em Segurança do Trabalho, técnico de Apoio em Pesquisa e Desenvolvimento e profissionais da Metrologia, por exemplo.

Estudo avalia estimativas e cenário político, econômico, tecnológico e de emprego

O SENAI é a principal instituição formadora em ocupações industriais no país. Para subsidiar a oferta de cursos, em sintonia com as demandas por mão de obra do setor produtivo, o Observatório Nacional da Indústria desenvolveu a metodologia do Mapa do Trabalho Industrial, referência no Brasil. O estudo é uma projeção do emprego setorial que considera o contexto econômico, político e tecnológico. Um dos diferenciais é a projeção da demanda por formação a partir do emprego estimado para os próximos anos.

Para esse cálculo, são levadas em conta as estimativas das taxas de difusão das novas tecnologias nas empresas e das mudanças organizacionais nas cadeias produtivas, que orientam o cálculo da demanda por aperfeiçoamento, e uma análise da trajetória ocupacional dos trabalhadores no mercado de trabalho formal, que subsidiam o cálculo da formação inicial. Um trabalho de inteligência de dados e prospectiva que deve subsidiar ações e políticas de emprego e educação profissional.

O estudo agrupa as ocupações industriais em 25 áreas. Abaixo, as que mais precisarão formar até 2025:

 

Áreas com maior demanda por formação (inicial + continuada)
Área Demanda
Construção 13.612
Metalmecânica 8.883
Transversais 8.875
Logística e Transporte 8.025
Automotiva 4.327
Química e Materiais 1.647
Tecnologia da Informação 1.647
Gestão 1.608
Telecomunicações 1.472
Eletroeletrônica 1.258

 

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SUPERIOR
 

Voltados para quem tem o ensino médio completo ou equivalente, visam a formação de um bacharel ou licenciado. São de longa duração, com carga horária mínima de 2.400 horas, sendo que algumas chegam a 7.200 horas.

 

Ocupação Demanda em
formação inicial
Demanda em aperfeiçoamento
Analistas de tecnologia da informação 112 631
Gerentes administrativos, financeiros, de riscos e afins 106 528
Engenheiros civis e afins 98 330
Gerentes de comercialização, marketing e comunicação 39 246
Gerentes de produção e operações em empresa da indústria extrativa, de transformação e de serviços de utilidade pública 36 195

 

TÉCNICO
 

Cursos técnicos têm carga horária entre 800h e 1.200h (cerca de 1 ano e 6 meses) e são destinados a alunos matriculados ou egressos do ensino médio.

 

Ocupação Demanda em
formação inicial
Demanda em aperfeiçoamento
Técnicos em eletrônica 142 376
Técnicos de controle da produção 90 423
Técnicos e operação e monitoração de computadores 117 370
Técnicos em eletricidade e eletrotécnica 65 395
Técnicos em segurança do trabalho 36 367

 

QUALIFICAÇÃO + DE 200 HORAS
 

Os cursos de qualificação são indicados a jovens e profissionais que buscam desenvolver novas competências e capacidades profissionais para a inserção em uma ocupação. Esses cursos não demandam um nível de escolaridade específico. Ao final, o aluno recebe um certificado de conclusão.

 

Ocupação Demanda em
formação inicial
Demanda em aperfeiçoamento
Mecânicos de manutenção de veículos automotores 485 927
Padeiros, confeiteiros e afins 321 759
Instaladores e reparadores de linhas e cabos elétricos, telefônicos e de comunicação de dados 172 777
Trabalhadores de instalações elétricas 208 597
Mecânicos de manutenção de máquinas industriais 140 475

 

QUALIFICAÇÃO – DE 200 HORAS
 

Os cursos de qualificação são indicados a jovens e profissionais que buscam desenvolver novas competências e capacidades profissionais para a inserção em uma ocupação. Esses cursos não demandam um nível de escolaridade específico. Ao final, o aluno recebe um certificado de conclusão.

 

Ocupação Demanda em
formação inicial
Demanda em aperfeiçoamento
Ajudantes de obras civis 2.596 3.580
Motoristas de veículos de cargas em geral 554 4.114
Alimentadores de linhas de produção 876 3.587
Trabalhadores da mecanização agrícola 199 2.106
Trabalhadores de estruturas de alvenaria 928 1.591

 

Aprendizagem ao longo da vida para driblar desemprego e aumentar produtividade

O diretor-geral do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), Rafael Lucchesi, reconhece que a recuperação do mercado formal de trabalho será lenta em razão da retomada gradual das atividades econômicas no pós-pandemia. Para melhorar o nível e a qualidade do emprego e contribuir para o progresso tecnológico e aumento da produtividade nas empresas, será indispensável priorizar o aperfeiçoamento de quem está empregado e de quem busca novas oportunidades.

“Estamos diante de um cenário de baixo crescimento do PIB (Produto Interno Bruto), reformas estruturais paradas, como a tributária, eleições e altos índices de desemprego e informalidade. Nesse contexto, o Mapa surge para que possamos entender as transformações do mercado de trabalho e incentivar as pessoas a buscarem qualificação onde haverá emprego. E essa qualificação será recorrente ao longo da trajetória profissional. Quem parar de estudar, vai ficar para trás”, avalia.

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