10/12/2017 15h44

Curso técnico traz novas perspectivas para juventude de Santana do Mundaú

Formação do MedioTec faz com que filhos de produtores rurais aprendam novas formas de manejo agrícola e sonhem com um futuro melhor para toda a população

Alunos adquirem novos conhecimentos técnicos úteis à realidade a qual vivem na zona rural de Santana do Mundaú

Agência Alagoas

“Gente do interior conhece a hora certa, na luz da porta aberta. Tem sempre aberto o coração”. Os versos da canção Gente do Interior, da banda de rock O Terço, bem que poderiam se aplicar à encantadora Santana do Mundaú, terra de gente gentil e acolhedora. O jeito santanense de ser, talvez, se explique pela doçura de seu principal produto de exportação, a laranja lima. Todo o ano, o município produz toneladas da fruta, sendo considerado o seu maior produtor no Brasil.

No entanto, esta “pérola” do Mundaú sofre com as intempéries. Em 2010, foi castigada pelas enchentes, enquanto, no início de 2017, viu parte de sua safra se perder em virtude da estiagem. Especialistas acreditam que, com o manejo adequado, as perdas causadas pelas inconstâncias climáticas podem ser amenizadas. E foi por isso que estudantes do ensino médio da Escola Estadual Manoel de Matos se inscreveram no curso técnico de Fruticultura que a Secretaria de Estado da Educação (Seduc) oferta na instituição por meio do MedioTec – programa do Governo Federal que oferece cursos técnicos concomitantes ao ensino médio.

Ao todo, 38 jovens, em sua maioria filhos de produtores rurais da região, participam do curso, cujas aulas começaram em agosto deste ano. “Este curso é de grande valia para a juventude local, principalmente para os que vivem na zona rural. Ele só veio a agregar ao ensino médio”, avalia a diretora adjunta Maria Lúcia Lourenço.

Multiplicadores – Um dos professores do curso, o técnico agrícola Orleando Lima, que já foi secretário de Agricultura de Santana do Mundaú, diz que uma das principais vantagens da formação é fazer com que os jovens atuem como multiplicadores de conhecimento com seus familiares.

“Muitos produtores, principalmente os mais antigos ainda possuem uma certa resistência a práticas agrícolas mais modernas. Por meio do curso, os alunos poderão colocar em prática tudo o que aprenderam, quebrando paradigmas e repassando essas técnicas para os seus familiares”, observa o professor. Segundo ele, atualmente, na região, cada planta produz, em média, 45 laranjas por ciclo (são dois ao ano). “Com o manejo certo, poderíamos chegar a ter uma planta produzindo de 400 a 500 frutos por ciclo”, estima Orleando.

O estudante Mikael Nathan Abílio, aluno da 2ª série do ensino médio, quer ser um destes multiplicadores. “Ao final do curso, seremos técnicos com um conhecimento diferenciado e poderemos ajudar muito os produtores locais”, afirma o jovem.

O produtor rural Manoel José da Silva aprova a iniciativa e diz que a ajuda dos futuros jovens técnicos será muito bem-vinda. “Nesta última estiagem, não consegui colher tudo que plantei e alguns companheiros chegaram a perder quase 90% de sua colheita por causa da estiagem. Ter o apoio destes estudantes como técnicos será uma benção para nós”, diz o produtor rural, que planta macaxeira, banana e laranja.

Projetos – Muitos dos alunos do curso já fazem planos para um futuro melhor a partir dos conhecimentos adquiridos na formação. É o caso de Alexsandro Monteiro e Alexsandro Ferreira, ambos estudantes da 2ª série.

Monteiro, que é aluno do turno noturno, já repassa as técnicas aprendidas para seus familiares e planeja um negócio só seu. “Quero criar um tipo diferente de polpa e ser um empreendedor”, revela o garoto.

Já Ferreira acredita que, por meio deste curso, os jovens alunos poderão trazer melhorias não só para as lavouras de seus familiares, mas para todo o município. “Não produzimos nem metade do que poderíamos produzir se aplicássemos as práticas corretas. Quando terminarmos o curso, teremos formação qualificada para melhorar a produtividade e diminuir custos, mas também poderemos contribuir para gerar emprego e renda e melhorar a vida no município”, frisa o estudante.

No caso de José André Xavier e Maria Daniele dos Santos, o curso técnico os ajudou a despertar para a escolha do curso universitário que almejam fazer após o fim do ensino médio. “Tudo o que aprendo aqui eu repasso para meus familiares. Este curso também despertou em mim o desejo de cursar Agronomia no futuro”, declara o estudante.

Maria Daniele, que, desde criança, é fascinada pela vida no campo e produção rural, também quer seguir carreira semelhante. “Quando lançaram esse curso do MedioTec, fiz minha inscrição na hora, pois foi o que eu sempre sonhei. Minha meta agora é me aprofundar mais ainda mais nesse meio e ser uma agrônoma”, adianta a garota.

 

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