27/07/2012 9h51

Governo eleva para R$ 0,89 preço do leite do Programa Social

Medida objetiva melhorar a remuneração do leite fornecido pelos pequenos produtores rurais

Presidente da CPLA Aldemar Monteiro e o deputado Joaquim Beltrão conversam o presidente da Conab sobre a necessidade de melhorar o preço do leite

Agricultores familiares que fazem parte do Programa Social do Leite em Alagoas finalmente receberam uma boa notícia. Foi publicada a resolução Nº 47 do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), que estabelece um novo cálculo para os preços de referência do Programa de Aquisição de Alimentos – Incentivo à Produção e ao Consumo de Leite (PAA – Leite). A medida vale até dezembro.

O PAA-Leite, que abrange as atividades do Programa Social do Leite, distribui diariamente 80 mil litros de leite a famílias classificadas em risco social em todo estado. Para manter esse programa aproximadamente 2,5 mil agricultores familiares fornecem o alimento para industrialização. Em Alagoas, o Grupo Gestor do PAA remunera hoje os produtores com R$ 0,76 por litro. Com a nova tabela esse valor pode chegar a R$ 0,89.

Mesmo com a definição do reajuste o setor não demonstra tranquilidade. De acordo com o diretor-presidente da Cooperativa de Produção Leiteira de Alagoas (CPLA), Aldemar Monteiro, representante de boa parte dos agricultores familiares envolvidos no programa, o aumento sugerido pelo MDS que passaria para R$ 0,89, somada a contrapartida do Governo do Estado que seria de 10%, não atende a necessidade do setor.

“Queremos que o governo alagoano se sensibilize com a situação do setor leiteiro do estado. Não conseguimos concorrer com a fome. Se o atravessador do estado vizinho oferece R$ 1,00 pelo litro do leite e nós só podemos pagar R$ 0,76, o que vocês acham que o produtor vai fazer? As vacas dele não tem o que comer e estão produzindo cada vez menos”, questionou o presidente da cooperativa.

Devido a estiagem, a preocupação é que haja uma evasão de agricultores do programa. Para o representante dos agricultores familiares, a solução seria o Governo do Estado aumentar a remuneração do programa para R$ 1,00   por litro de leite.  “Quando a seca começou a dar sinais de que ia se estender, o Governo de Pernambuco, por conta própria ajudou os agricultores da bacia leiteira. A medida está amenizando os efeitos da estiagem e é isso que precisamos”, reforçou Monteiro.

Indústrias

Um levantamento feito pela CPLA em parceria com o Sindicato Rural dos Produtores de Leite de Alagoas (Sindileite) constatou que a previsão de perda do setor em 2012, por conta da estiagem, pode chegar a R$ 110 milhões. Foi com esses números que a diretoria da CPLA se reuniu com o presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Rubens Rodrigues, há cerca de um mês, para reforçar a necessidade de uma atenção maior para o setor.

Os números são realmente preocupantes, levando em consideração que 90% do setor produtivo do leite no estado é formado por agricultores familiares. “As pautas que levamos a Brasília foi justamente para que as mudanças propostas para o PAA-Leite e outros programas da Conab e MDS sejam debatidas com os produtores e indústrias. A nova resolução, por exemplo, não contempla o reajuste para as indústrias, que também sofrem com a estiagem”, declarou Aldemar Monteiro.

A CPLA, que representa ainda 16 laticínios alagoanos, defende um estudo realizado pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas em Alagoas (Sebrae/AL) que constatou a viabilidade da produção tanto por parte do agricultor quanto das indústrias. Conforme o levantamento, não é viável que as indústrias recebam menos de R$ 0,70 por litro de leite beneficiado, já que cabe também a elas a distribuição do alimento.

Somente a Cooperativa de Produção Leiteira de Alagoas entrega o leite do Programa do Leite em 288 pontos em todo o Estado, em Maceió são 150. Atualmente os laticínios são remunerados em R$ 0,58 por litro pasteurizado. “Existem municípios do interior que temos 12 pontos de entrega, outros que atravessamos um rio para entregar apenas cinco litros de leite. Isso encarece os custos e os gestores não reconhecem. Se não tivermos a sensibilidade do governo o Programa do Leite vai sofrer uma ruptura de entrega”, enfatizou o representante do setor.

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