29/10/2015 10h32

Intenção de consumo continua em queda na capital alagoana

Consumidores continuam cautelosos no que se refere às futuras compras

Consumidor está apenas observando e adiando novas compras

 

 

A pesquisa sobre a Intenção de Consumo das Famílias (ICF) de Maceió realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), em parceria com Instituto Fecomércio/AL de Estudos, Pesquisas e Desenvolvimento (IFEPD), demonstra uma queda contínua e registra, em outubro, 99,2 pontos; um desempenho ainda menor do que o alcançado em setembro e que, até então, tinha sido considerado o pior do ano.

A realidade da capital alagoana não é diferente do cenário nacional, que também vem apresentando queda na intenção de aquisição de novos produtos, chegando a uma redução de 35,4%  entre outubro de 2014 e outubro de 2015.

Para o Instituto Fecomércio, essa tendência nacional de retração do consumo das famílias resulta numa diminuição do ritmo de crescimento do comércio nacional, principalmente para as pequenas e médias empresas do setor varejista. A inflação ainda persistente e sem perspectivas de mudanças, bem como a taxa de juros básica (que retornou a patamares de agosto de 2006), impactam na forma como as famílias veem suas perspectivas de consumo, compras a prazo e aquisição de bens duráveis. “Obviamente, embora uma boa parcela da explicação sobre a redução do consumo seja esclarecida pela conjuntura dos preços e os juros praticados no mercado, outra perspectiva deve também ser levada em consideração: a incerteza das pessoas em adquirir produtos a prazo por medo do futuro (um possível desemprego)”, observa Felippe Rocha, assessor econômico da Fecomércio. E isso fica claro nos dados da pesquisa nacional da CNC: num intervalo de um ano (out/14 – out/15), já houve uma redução de 39,1% na intenção de compras a prazo, sinalizando o temor do brasileiro em obter dívidas de longo prazo.

Realidade alagoana

Em Maceió, embora a intenção de consumo das famílias esteja numa situação mais favorável do que no cenário nacional, desde fevereiro deste ano o indicador vem se deteriorando, configurando o oitavo mês consecutivo de queda em seu desempenho.

A redução do consumo da capital já contabiliza uma variação negativa na ordem de 20,6% nos últimos doze meses e, entre outubro e setembro, uma variação negativa de 2,9%. E isto se configura numa tendência para os meses seguintes, com leve recuperação esperada no período natalino devido ao décimo terceiro salário de aposentados, servidores públicos e trabalhadores do mercado privado, o que deve quebrar, por um breve período, a tendência negativa.

A persistente manutenção da redução na intenção de consumo das famílias afeta profundamente a cadeia final da economia (e também da indústria e agricultura). Os setores do comércio e de serviços veem essa retração aumentar as incertezas e, como consequência, reduzem investimentos, como a aquisição de mercadorias e insumos, e diminuem as possibilidades de novas contratações e, até mesmo, de preservar de manter o mesmo quadro de colaboradores. Somente em agosto, segundo os dados do Caged/MTE, os setores, em conjunto, demitiram 522 funcionários. Observado de janeiro a agosto deste ano, as demissões ultrapassam dois mil funcionários.

“Vemos que as famílias começam a sentir o efeito destes desligamentos quando observamos os indicadores sobre o nível de segurança em relação do trabalho. Este indicador vem, a cada mês, perdendo força e, entre agosto e outubro de 2015, registrou uma retração de 8,7%. E a sensação de piora na renda já computa 103,3 pontos, o que indica uma perda na sensação de poder de compra”, explica Rocha.

Os indicadores de percepção de facilidade de acesso ao crédito se retraíram 7,6% nesse trimestre (agosto, setembro e outubro). De acordo com a avaliação do Instituto Fecomércio, considerando que este indicador já se encontra abaixo dos 100 pontos, isso demonstra uma insatisfação das famílias quanto à taxa de juros praticada pelo mercado e a dificuldade de acesso ao mesmo, já que os bancos se tornam cada vez mais rigorosos para concessão do crédito em períodos de crises e incertezas.

E como não seria diferente, se o crédito está mais difícil, a aquisição de bens duráveis (eletrodomésticos, smartphones, Tvs, geladeiras, etc.) também se torna um dos bens menos desejados para o consumo das famílias, muito devido a situação do país, o que é representado pelo indicador sobre o momento para o consumo desses bens que já está em 62 pontos. Dentre os entrevistados, 54,9% disseram ser um mau momento; 25,2% não souberam avaliar e apenas 16,9% afirmaram ser um bom momento.

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