23/06/2014 7h06

Alagoas destina mais de R$ 30 milhões para ciência e tecnologia

Secretário Eduardo Setton faz balanço sobre gestão, analisa investimentos e resultados alcançados

Bárbara Pacheco/Secom

Quando assumiu a Secretaria de Estado da Ciência e Tecnologia, o professor doutor em Engenharia Estrutural da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Eduardo Setton, já tinha uma visão diferenciada sobre o desenvolvimento da área: o engajamento conjunto entre setor produtivo, academia e governo. Após três anos e meio de uma gestão comprometida com o fomento de empresas jovens e inovadoras locais, realização de eventos de grande porte para troca de experiências, e a concretização do projeto de um Parque Tecnológico no estado, Setton reconhece: “Nunca se investiu tanto em Ciência e Tecnologia em Alagoas”.

 

Na entrevista a seguir, o secretário analisa o avanço da pasta, fala sobre investimentos e o terceiro polo a ser construído durante sua gestão, o Polo de Tecnologia, da Informação, Comunicação e Serviços (TICS) de Jaraguá, que se encontra em fase de licitação.

Secretário de Ciência e Tecnologia Eduardo Setton

Agência Alagoas – A que fatores o senhor atribui o crescimento alcançado pela pasta de Ciência e Tecnologia no estado?

Eduardo Setton – Antes de tudo, ao modelo de gestão participativa implantado na secretaria nos últimos três anos e o planejamento estratégico das ações. Priorizamos a comunicação com a sociedade civil, principalmente por meio de redes sociais. Com isso, conseguimos um nível de engajamento da população – academia, investidores, empreendedores – muito grande. Quando um governo consegue perceber como determinado setor está se desenvolvendo e começa a articular para que as pessoas trabalhem juntas, os resultados vêm com maior facilidade. É uma troca de experiências mútua que implica construção. Aliado à gestão e ao trabalho técnico, a visibilidade da pasta hoje está diretamente ligada aos investimentos do Governo do Estado na área. Nunca se investiu tanto em Ciência e Tecnologia em Alagoas.


Quanto o governo investiu, até agora, no setor? Onde foram aplicados os recursos?

Setton – Foram R$ 30 milhões investidos na infraestrutura do Parque Tecnológico, que conta com dois polos agroalimentares entregues nos municípios de Arapiraca e Batalha. Mais R$ 8 milhões serão destinados à construção do Polo de Tecnologia da Informação, Comunicação e Serviços (TICS), que está em fase de licitação e será construído no bairro de Jaraguá. Além disso, temos 60 telecentros em funcionamento implantados em todo o estado, com internet, cursos, pessoas sendo capacitadas, o investimento em eventos estaduais e nacionais voltados para empresas jovens com grande potencial de mercado, as chamadas startups, o apoio a empreendedores digitais em viagens e premiações e ainda o edital de R$ 8 milhões da Fapeal [Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas], direcionado à inovação de microempresas e empresas de pequeno porte para o desenvolvimento de setores econômicos considerados estratégicos.  


Como o senhor avalia a atuação da secretaria nos quase oito anos de gestão do Governo de Teotonio Vilela?

Setton - A Secretaria de Ciência e Tecnologia tem apenas 13 anos e, desde sua criação [em 2000, em gestão anterior à de Vilela] levou algum tempo para se estruturar. Na primeira gestão deste governo eu destacaria como grandes avanços a elaboração dos projetos que na segunda  gestão se concretizaram ou estão se concretizando, como o dos polos agroalimentares de Arapiraca e Batalha e telecentros. Destaco esse trabalho como uma ação estruturante do governo e, talvez por isso, não estivesse tão visível para a sociedade. Em 2011, quando assumi a secretaria, senti falta de um planejamento estratégico para execução desses projetos, que já se encontravam elaborados e com recursos garantidos. Iniciamos uma pesquisa sobre os diversos aspectos que envolvem o setor, contratamos uma organização social vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e começamos a construir um planejamento durante doze meses. O Plano Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação foi entregue no dia 2 de dezembro de 2013 e vale para os próximos dez anos. Alagoas estabelece um diferencial na área. Nessa gestão, além da execução dos projetos dos dois polos agroalimentares, elaboramos o projeto do Polo de Tecnologia, que será construído ainda este ano. Então, o salto que esperávamos no início, hoje é real.

O que é o Plano Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação?

Setton – Consiste basicamente em um conjunto de diretrizes que norteiam as ações para desenvolvimento do setor, onde devem ser investidos os recursos, quais são as áreas prioritárias, de que modo devem ser realizados os investimentos e apresenta todo um panorama do atual cenário de tecnologia no estado. Não é um plano de governo, mas de Estado, porque tem uma durabilidade de dez anos. É um legado que fica para os próximos governos, que terão, entre outras atribuições, a missão de manter tudo o que foi realizado e ampliar os projetos. Como professor, sinto que é necessário que governo, Universidade e setor produtivo trabalhem de forma conjunta e consistente, acredito que este é o caminho.

O Polo de Tecnologia que será construído em Jaraguá também funcionará como um mecanismo de estreitamento de relações entre estes setores?

Setton – A grande missão do polo, na verdade, é essa. Queremos fomentar essa relação entre setor produtivo, academia e governo, o que quer dizer maior engajamento e, consequentemente, maior desenvolvimento do setor. Eu tenho ouvido muito falar que esse polo de tecnologia já existe, porque o que é um polo? São empresas e empreendedores se relacionando, eventos, viagens, networking, troca de experiências, engajamento, e tudo isso já existe em Alagoas. No Jaraguá mesmo tem faculdade ligada à área, diversas empresas de tecnologia e comunicação instaladas. Costumo falar que esse, na verdade, é o nosso polo de pessoas. O prédio que será construído é um marco referencial, onde tornaremos oficial o relacionamento entre os setores de tecnologia e inovação, comunicação e informação. É como se fosse uma sede de tecnologia em Maceió, mas que foca em desenvolvimento humano, nas pessoas.


A localização do Polo também tem como finalidade a revitalização do bairro do Jaraguá?

Setton – O projeto do Polo de TICS foi inspirado no Porto Digital de Recife, que está localizado no centro histórico da capital, em Recife Antigo. No entorno do Polo, teve início uma intensa movimentação cultural e a atração de outros empreendimentos, ajudando na revitalização daquele bairro. Esperamos que o Polo de Tecnologia tenha efeito parecido em Jaraguá. Já temos empresas interessadas em se instalar no estado por conta do Polo. A ideia é que o setor se fortaleça no entorno do prédio e junto a outras áreas também. A sede da Secretaria de Ciência e Tecnologia deve ser deslocada para o bairro em breve.

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