Reforma da Previdência não é suficiente para o equilíbrio das contas públicas

Valdi Junior*

O presidente Michel Temer está promovendo uma verdadeira farra fiscal do valor de R$ 43 bilhões para aprovar a Reforma da Previdência, no Congresso Nacional, que vai acabar com a aposentadoria de milhares de trabalhadores, em especial, da classe pobre. Os agricultores e trabalhadores rurais – homens e mulheres, vão dificilmente ter mais condições de obter a aposentadoria rural. O rombo fiscal surge de projetos que liberam mais recursos para Estados e Municípios e perdão de dívidas de micro e pequenas empresas e do agronegócio.

Proposta defendida pelo Governo Federal obriga os agricultores e os trabalhadores rurais pagarem pelo período de 15 anos a Previdência Social. Ou seja, o agricultor e o trabalhador nordestino que vivem em situação de extrema dificuldade financeira vai precisar tirar R$ 68,80/mês considerando o valor do salário mínimo vigente de R$ 937,00 para ver se consegue se  aposentar. Ou seja, como o agricultor e trabalhador não pagam benefício da Previdência Social, não vão conseguir aposentar-se mesmo atingindo a idade de 55 anos (mulher) e 60 anos (homem).

Isso mostra claramente que o Governo Federal mente quando anuncia em propaganda oficial que não vai mexer na Previdência Rural e que também não tem a menor preocupação para com o social. Não interessa saber se muitos homens e mulheres do campo ficarão sem renda e vão depender da misericórdia do outro para conseguir um prato de comida na velhice.

A Reforma da Previdência ainda causará um impacto financeiro tremendo na economia das cidades interioranas. Maioria das cidades localizadas no Nordeste, em particular, o comércio tem seu movimento de vendas baseadas nas aposentadorias. São as aposentadorias que fazem circular o dinheiro e sustentam o comércio, principalmente, nos últimos anos com o prolongado período de estiagem que culminou recentemente na maior seca da história. Consequentemente, essas mesmas aposentadorias ajudam manter muitas famílias e, ajudam a conter a explosão da violência que, infelizmente, vem tirando a tranquilidade e a esperança de famílias.

Reforma da Previdência é necessária, mas não precisa ser feita por vaidade política e pelo acordo de grupos setoriais [que devem e, muito ao Governo]  para atender tão somente ao interesse de um tal soberano denominado de mercado financeiro.

*Jornalista