21/01/2013 10h27

Dilma não cede à pressão dos investidores e adia preço da gasolina para evitar peso de 0.6 na inflação

Momento de reajustar o preço dos combustíveis está passando; e a presidente já olha para o horizonte de 2014

Preço da gasolina permanece inalterado

Valdi Junior/VALOR MERCADO

O tão propalado e cantado em verso e prosa reajuste no preço do combustível – gasolina e diesel – está sendo empurrrado para outro momento, quando a pressão inflacionária estiver menor [se há de estiver]. O mercado anseia, ou melhor, suplica por aumento. A Petrobras idem [mas não pode falar publicamente para não ferir o governo]. O setor sucroenergético aguarda há meses cenário mais favorável, e a esperança está na mudança de preço da gasolina. Só o consumidor final que faz-de-conta que não está ouvindo nada.

Pois bem. A presidente Dilma Roussef sabe perfeitamente que há um descompasso na política de preço de combustível praticada no Brasil em relação ao exterior. E é preciso alterá-la para melhorar o desempenho da Petrobras, que gasta muito na importação de derivados do petróleo e na perfuração de poços do pré-sal, entretanto, o cenário interno não permite reajuste dos combustíveis, porque senão a inflação dispara.

E dispara, e muito. Reajuste de 5% no preço da gasolina leva uma sobrecarga de 0.6 ponto percentual numa taxa de inflação que hoje em dia já está batendo próximo do teto da meta. Qualquer aumento no combustível desencandeará outros sucessivos reajustes nos valores dos produtos, o que pode levar a inflação para o topo de 10% ao mês sem nenhum exagero.

É diante desse quadro que investidores, em particular acionistas da Petrobras, terão que se conformar e torcer para a queda da inflação, porque aí o cenário poderá ajudar o governo a reaver a política de preço dos combustíveis. O que não parece fácil.

A verdade é que, o governo que esperava uma inflação mais comedida; e isso não está acontecendo. A verdade também é que o tempo de promover reajustes ficou para trás. [À medida que o calendário eleitoral se aproxima, fica mais difícil ainda falar em aumento de preços].

Tudo o que o mercado não quer, e muito menos, a Petrobras. Mas Dilma já olha para 2014.

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