08/10/2014 11h50

Inflação oficial volta a subir e acumular alta acima de 6,75%

Alta dos alimentos ainda pressiona os preços

G1

Depois de uma temporada de quedas, o preço dos alimentos voltou a subir e pressionou a inflação oficial do país, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). De agosto para setembro, o indicador acelerou de 0,25% para 0,57%, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Em 12 meses, o IPCA acumula alta de 6,75%, acima do teto da meta de inflação do Banco Central, de 6,5%. Segundo o IBGE, é o maior índice acumulado nesse período desde outubro de 2011, quando atingiu 6,97%. No ano, de janeiro a setembro, o IPCA está em 4,61%.

A  expectativa do mercado financeiro para o IPCA está em 6,32% neste ano, de acordo com o boletim Focus, divulgado pelo Banco Central. Para 2015, a previsão dos analistas dos bancos para o IPCA ficou estável em 6,30%.

Considerando todos os grupos de despesas cujos preços são analisados pelo IBGE, o dos alimentos tiveram a maior variação. Após caírem por três meses seguidos, eles voltaram a subir, registrando alta de 0,78%, influenciados principalmente pelas carnes.

De acordo com a coordenadora do índice de preços do IBGE, Eulina Nunes dos Santos, os preços dos alimentos, que pararam de cair no mês passado, deixaram de contribuir para a queda do indicador.

“Em setembro os alimentos pararam de cair e não contribuíram com a taxa, já que os alimentos são considerados  a maior despesa do consumidor. Nesses últimos quatro meses o resultado ficou ao redor ou acima dos 6,5%, repetindo o que aconteceu em 2013 nos meses de fevereiro, março abril e maio”, disse Eulina.

Ainda de acordo com ela, além dos alimentos, a Copa do Mundo também vinha influenciando o indicador nos meses anteriores. “Em julho os resultados foram negativos. O preço dos alimentos caiu. Esse mês [julho] concentrou também uma queda das passagens aéreas por conta da demanda baixa nos serviços de passagem de aviação em função da Copa do Mundo. Com isso, a taxa foi para quase 0. Já em agosto, apesar dos alimentos terem se mantido em queda, houve pressão da energia elétrica e dos hotéis que continuaram subindo. Esses dois meses tiveram reflexo da Copa do Mundo”, disse.

Eulina explicou que a refeição fora de casa exerceu grande pressão no aumento dos alimentos: “Rio e São Paulo têm sido muito pressionados pela refeição fora de casa. Principalmente o período de Copa do Mundo propiciou o aumento nesse setor. Além disso, o desemprego está baixo, as pessoas estão comendo fora”.

Segundo a coordenadora, a alta de 3,17% nas carnes sofreu efeitos da seca e do comércio exterior: “os pecuaristas argumentam que os pastos ainda estão secos em função da seca do início do ano. Isso encarece a engorda do gado. Outro fator que também vem sendo atribuído é a questão da importação. O Brasil é o principal exportador de carne. A arroba do boi vem subindo desde o começo do ano”.

Apesar dessas altas, não é possível chamar a alta dos alimentos de generalizada, diz Eulina.  “Podemos dizer que grande parte dos alimentos cresceu, mas não podemos dizer que a alta foi generalizada porque houve queda no tomate, a batata inglesa que é muito importante caiu, o feijão carioca que é muito consumido caiu, o óleo, o açúcar e outros itens importantes”.

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