07/11/2013 13h23

Inflação acelera em outubro e tomate volta a pressionar IPCA

Índice ganhou força e subiu de 0,35% para 0,57% em outubro

Mais de um ano depois de ter se tornado o pesadelo da dona de casa, o tomate voltou a ser o inimigo do orçamento do brasileiro, na hora das compras de supermercados: por causa da entressafra, em outubro teve alta de 18,65%, quando em setembro os preços tinham recuado 8,54%, explicou Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de Índices de Preços do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) , que nesta quinta-feira (7) divulgou o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de outubro.

O índice, que mede a inflação oficial do país, por ser usado como base para as metas do governo, ganhou força de setembro para outubro, passando de 0,35% para 0,57%,  a taxa mais alta desde fevereiro, disse Eulina – e a alta foi puxada principalmente pelos alimentos (1,03% em outubro, contra 0,14% em setembro), com carne e tomate em destaque. Em 12 meses, a inflação dos alimentos chega a 8,88%, segundo o IBGE.

“De setembro para outubro a taxa do IPCA subiu de forma significativa e os principais elementos que contribuíram foram os alimentos, apesar de 5 dos 9 grupos pesquisados terem apresentado aceleração de um mês para o outro”, disse Eulina.

Apesar do resultado maior no mês, o IPCA acumulado em 12 meses ficou em 5,84% – abaixo dos 5,86% de setembro e seguindo dentro da meta de inflação do governo federal, que permite que o IPCA oscile entre 2,5% e 6,5%. Em outubro do ano passado, o indicador havia ficado em 0,59%.

“Estamos na transição de safra, tomate tem uma safra curta, e a área plantada diminuiu bastante”, disse a coordenadora.

Se o preço do tomate sofre com a baixa produção da entressafra, o da carne, que saiu de uma variação de 0,88% em setembro para 3,17% em outubro, foi impactado pelo menor abate.

“Os pecuaristas trabalham com expectativa de ganho, e podem abater mais ou menos. E exportação aumentou, foi recorde em outubro. É um produto bem dolarizado, tem muito a ver com o câmbio”, explicou.

Segundo Eulina, pelas informações no varejo, nos preços que o IBGE coleta, nem sempre é visível uma pressão do dólar. “Em geral ela se inicia no preço dos alimentos ligados ao câmbio, como as commodities. Um exemplo é o trigo, que o Brasil importa”, disse.

Não sendo autossuficiente em farinha de trigo, o Brasil importa da Argentina e dos Estados Unidos. Mas devido a problemas de clima, a produção na Argentina foi diminuída e encareceu.

“A Argentina teve problema e segurou o trigo. O Brasil importou dos Estados Unidos. A influência do dólar pesou e espalhou a inflação por um item forte no consumo: o pão francês.”

A farinha de trigo saiu de uma variação de 2,61% em setembro para 3,75% em outubro, somando uma alta de 32,59% em 12 meses, a maior entre os alimentos. Derivados de trigo como pão e macarrão em 12 meses registram altas de 14,51% e 15,90%.

As boas opções para a dona de casa são a cebola e a cenoura, as principais quedas de outubro: -10,71% e -10,34% respectivamente. Feijão carioca (-9,30%) e mulatinho (-7,23%) são outras quedas relevantes.

Não-alimentícios
Entre os produtos não-alimentícios, a maior alta ficou com o aluguel residencial, 1,02% em outubro contra 0,80% em setembro, somando em 12 meses uma variação de 11,55%. A inflação do grupo habitação chega a 3,45% em 12 meses.

A principal queda entre os não-alimetícios ficou com a energia elétrica residencial (-15,08%) em 12 meses), por conta de reduções de impostos.

“Em outubro aconteceram várias reduções no PIS-Cofins, mas é pontual. Energia caiu 15% no valor das contas neste ano. A gente acredita que na história recente da inflação não houve um item que puxasse tanto assim o IPCA para baixo como a energia”, disse.

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