28/11/2013 9h07

Banco Central sobe taxa Selic para 2 dígitos

Aumento da taxa de juros para 10% visa conter a inflação

UOL

O Banco Central (BC) subiu na última quarta-feira  o juro básico da economia brasileira, a taxa Selic, em 0,50 ponto percentual, para 10% ao ano. Foi a sexta alta seguida da taxa, que havia caído para um dígito em março de 2012 (para 9,75% ao ano, de 10,5% ao ano).

A decisão foi unânime e confirmou a principal aposta dos economistas, baseada no atual cenário de pressão inflacionária.

O Comitê de Política Monetária abriu a possibilidade de moderar a alta dos juros daqui para a frente, ao excluir do texto do comunicado da medida a preocupação com a inflação do próximo ano.

“Dando prosseguimento ao processo de ajuste da taxa básica de juros, iniciado na reunião de abril de 2013, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic”, disse o texto, na tradicional linguagem cifrada do BC.

A elevação dos juros é um instrumento usado pelo governo para conter o consumo, uma vez que o crédito (tanto empréstimos em instituições financeiras quanto parcelamentos em lojas, por exemplo) fica mais caro. E, com menos demanda, a inflação tende a ceder.

PERSPECTIVAS

De acordo com economistas, o ciclo de aumento da Selic deve continuar nos primeiros meses do ano que vem.

Na avaliação de André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos, o juro deve ter mais duas altas de 0,50 ponto percentual, até chegar a 11% ao ano em fevereiro. Depois disso, deve ficar estável pelo menos até o fim do ano.

“O Banco Central está apresentando uma postura mais conservadora devido às pressões inflacionárias. Com isso, ele dá a entender que está vigilante com a política monetária dos Estados Unidos, enquanto tenta enxugar um pouco os exageros nos gastos públicos no Brasil”, diz.

“O mercado se pergunta até quando o Brasil vai manter seu modelo de crescimento calcado no consumo, mas com queda nas margens de lucros reais. Até quando isso será saudável? Os mercados estão sendo penalizados por isso. Também há uma antecipação da questão eleitoral”, diz.

Já Eduardo Velho, economista-chefe da gestora Invx Global, prevê dois aumentos da taxa de 0,25 ponto percentual em janeiro e fevereiro do ano que vem, o que levaria a Selic para 10,5% ao ano.

“A Selic deve continuar subindo porque a inflação está elevada e a perspectiva de reajuste nos preços dos combustíveis deve pressionar ainda mais”, afirma.

O economista diz ainda que a continuidade do aperto monetário depois de fevereiro vai depender dos resultados dos índices de preços, mas não que não é interessante para o Banco Central subir a Selic novamente para níveis superiores a 11% ao ano, tanto em função do ano eleitoral – já que um aperto monetário aumenta o custo do crédito e não é bem visto pelos eleitores – quanto para não ver sua credibilidade abalada por colocar a taxa de volta a níveis elevados depois de tê-la reduzido ao mínimo histórico, de 7,25% ao ano, pouco tempo atrás – em outubro do ano passado.

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