14/10/2013 8h28

Aumento da taxa de juros eleva remuneração da renda fixa

Fundos mais beneficiados são aqueles voltados a investidores de alta renda, que, em geral, podem bancar aplicações mínimas a partir de R$ 50 mil

Com a trajetória de alta do juro básico do país, a taxa Selic, alguns fundos de investimento têm sido beneficiados.

São produtos de renda fixa que investem boa parte dos recursos em títulos do governo, remunerados pela Selic, ou em papéis de empresas privadas que pagam um percentual do CDI, taxa média dos juros dos empréstimos entre bancos e que acompanha a taxa básica.

Os fundos mais beneficiados, porém, são aqueles voltados a investidores de alta renda, que, em geral, podem bancar aplicações mínimas a partir de R$ 50 mil.

Isso porque esses investimentos, normalmente, são os que cobram as menores taxas de administração, custo que tem impacto relevante no desempenho final do fundo.

Além disso, as opções mais rentáveis envolvem a possibilidade de resgate dos recursos no maior prazo possível. Quanto mais tempo o dinheiro puder ficar investido, menor o Imposto de Renda.

Nos fundos de renda fixa, o IR vai de 22,5%, para resgates em até seis meses, a 15%, para os feitos após dois anos.

O quadro ao lado traz simulações que mostram o impacto da taxa de administração e do IR nos ganhos.

Um investidor que aplique R$ 1.000 por 12 meses em um fundo com taxa de administração de 0,5% teria um ganho líquido (descontados custos e imposto) de R$ 81,83. Se a taxa sobe a 2,5%, o ganho líquido cai para R$ 65,61.

O cálculo não considera a inflação projetada para o período, de 5,83%.

“Para o investidor que tem até R$ 10 mil é pouco vantajoso escolher um fundo porque ele terá dificuldade em encontrar taxas de administração abaixo de 1,5% ao ano, que tornariam o investimento mais atraente”, diz José Raymundo de Faria Junior, planejador financeiro.

“Pode ser uma boa estratégia juntar dinheiro na poupança para aumentar a aplicação inicial e ter acesso a produtos melhores.”

Além disso, os fundos com melhor desempenho têm aumentado a participação de papéis de empresas privadas em suas carteiras.

“Esses títulos pagam mais porque as empresas, para vender os papéis, oferecem juros mais altos do que a Selic para compensar o risco de calote, maior que o do governo”, diz Marcelo d’Agosto, consultor de investimentos.

Dados da Anbima (associação das entidades do mercado) mostram que, dos dez fundos de renda fixa mais rentáveis neste ano até 30 de setembro, pelo menos nove investem em crédito privado.

Além do risco maior, esses produtos têm um outro porém: não são acessíveis ao pequeno investidor.

Dos 10 mais rentáveis, 5 exigem aplicação inicial superior a R$ 300 mil. E os outros quatro são de instituições financeiras menores, o que pode adicionar mais risco se a qualidade da gestão dos investimentos for menor.

Vale destacar que, para os fundos, não há cobertura do FGC (Fundo Garantidor de Créditos) em caso de quebra da empresa que emite dívida.

Para obter bons ganhos em fundos de renda fixa, o pequeno investidor tem de garimpar no mercado e se sujeitar a mais risco, diz o economista Samy Dana, da FGV.

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