15/08/2013 13h39

Dólar sobe e atinge R$ 2,34; maior valor desde março de 2009

Alta da moeda norte-americana está relacionada à queda do índice Bovespa

Depois de ter renovado ontem seu maior preço desde março de 2009, o dólar mantém a alta em relação ao real nesta quinta-feira (15), mesmo após mais uma intervenção do Banco Central para conter a moeda.

Às 13h11 (horário de Brasília), o dólar à vista, referência para as negociações no mercado financeiro, subia 1,37%, para R$ 2,344 na venda. No mesmo horário, o dólar comercial, utilizado no comércio exterior, avançava 0,81%, também para R$ 2,344. A moeda americana não atingia R$ 2,34 desde 10 de março de 2009.

A alta ocorre em meio à queda das Bolsas no exterior, com os investidores incertos sobre quando os EUA começarão a reduzir o estímulo econômico, o que aumentou a demanda por aplicações consideradas mais seguras, como a moeda americana.

Desde 2009, o BC americano recompra, mensalmente, US$ 85 bilhões em títulos públicos para injetar recursos na economia. Parte desse dinheiro migra para outros países, como o Brasil, sob forma de investimento. Se o incentivo for cortado, essas aplicações tendem a diminuir, o que gera cautela nos mercados. E diante da perspectiva de menos entrada de dólares no Brasil, o preço da moeda sobre em relação ao real.

O Banco Central brasileiro interveio no mercado de câmbio nesta manhã para conter disparada do dólar. A autoridade promoveu um leilão de swap cambial tradicional, que equivale à venda de dólares no mercado futuro.

Foram vendidos todos os 40 mil contratos oferecidos, com vencimentos em 2 de dezembro de 2013 e 1º de abril de 2014, por US$ 1,983 bilhão. Mesmo após a operação, o dólar continuou subindo.

DÓLAR NO EXTERIOR

O dólar avança em relação a todas as outras moedas internacionais, após dados positivos da economia dos Estados Unidos divulgados hoje terem voltado a alimentar análises de que o Federal Reserve, banco central americano, poderá começar a cortar o estímulo econômico naquele país já em setembro.

O número de americanos que solicitaram novos pedidos de auxílio-desemprego caiu para mínima em quase seis anos na semana passada, enquanto os preços ao consumidor nos EUA subiram como esperado em julho e a produção industrial ficou inalterada no mês passado.

Hoje, o presidente do Fed de St. Louis, James Bullard, voltou a afirmar que a autoridade deveria esperar mais evidências que de que o crescimento da economia está acelerando e que a inflação anual está subindo em direção à meta de 2% antes de decidir reduzir as compras de títulos. Bullard manteve o mesmo discurso que fez ontem sobre o assunto.

“O mercado também continua apreensivo em relação aos nossos problemas internos. Mantemos pouco fluxo de entrada de dólares no país, com a balança comercial negativa. A inflação desacelerou, mas está alta, e o PIB não cresce”, diz Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da Treviso Corretora. “Isso ajuda a pressionar a cotação do dólar”, acrescenta.

BOLSA

O possível início do corte no estímulo nos EUA afeta negativamente os mercados de ações globais nesta quinta-feira. Aqui no Brasil. o Ibovespa, principal índice da Bolsa nacional, tinha leve queda de 0,08% às 13h11, a 50.852 pontos. O índice chegou a cair quase 1% pela manhã.

As incertezas com o exterior ofuscaram o IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central), indicador econômico do BC, que avançou 1,13% em junho, na comparação com o mês anterior. No segundo trimestre do ano, o avanço foi de 0,89%, segundo dados dessazonalizados (livres de influências típicas de certa época do ano).

Além disso, a temporada de divulgação de resultados no Brasil continua pressionando o Ibovespa. Às 13h10, a baixa do índice era influenciada pela desvalorização de 4,41% das ações da OGX, petroleira de Eike Batista, que divulgou prejuízo de R$ 4,7 bilhões entre abril e junho, ante R$ 398,6 milhões há um ano.

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