19/03/2013 12h03

Especialista orienta sobre prevenção e tratamento das meningites

Alagoas aponta a faixa etária de 30 a 34 anos entre os que apresentam maior número de sintomas e óbitos pela doença

O melhor é sempre prevenir

Danielle Cândido

Nos primeiros anos de vida e quando as pessoas começam a envelhecer são, especialmente, as duas faixas etárias em que os sintomas característicos dos quadros de meningite viral ou bacteriana nunca devem ser desconsiderados. Mas, nos últimos dois anos (2011 e 2012), os dados da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) mostram que o maior número de casos – com sintomas e óbitos pela doença – está entre os pacientes de 30 a 34 anos.

Infecção que se instala quando uma bactéria ou vírus consegue vencer as defesas do organismo e ataca as meninges (três membranas que envolvem e protegem o encéfalo, a medula espinhal e outras partes do sistema nervoso central), a meningite pode, mais raramente, ser provocada por fungos ou pelo bacilo de Koch, causador da tuberculose.

Segundo Claudeane Nascimento, gerente do Núcleo de Doenças Imunopreveníveis da Sesau, nas meningites virais, os sintomas se assemelham aos das gripes e resfriados. A doença acomete principalmente as crianças, que têm febre, dor de cabeça, um pouco de rigidez da nuca, inapetência e ficam irritadas. Comprovada a meningite viral, a conduta é esperar que o caso se resolva sozinho, como acontece com as outras viroses.

Já as meningites bacterianas são mais graves e devem ser tratadas imediatamente. Os principais agentes causadores da doença são as bactérias transmitidas pelas vias respiratórias ou associadas a quadros infecciosos de ouvido, por exemplo. Em pouco tempo, os sintomas aparecem: febre alta, mal-estar, vômitos, dor forte de cabeça e no pescoço, dificuldade para encostar o queixo no peito e, às vezes, manchas vermelhas espalhadas pelo corpo.

Tratamento - O tratamento das meningites bacterianas tem de ser introduzido sem perda de tempo, porque a doença pode ser letal ou deixar sequelas, como surdez, dificuldade de aprendizagem, comprometimento cerebral. Ele é feito com antibióticos aplicados na veia.

Os medicamentos antitérmicos e analgésicos são úteis para aliviar os sintomas das meningites virais. Já as meningites causadas por fungos ou pelo bacilo da tuberculose exigem tratamento prolongado à base de antibióticos e quimioterápicos por via oral ou endovenosa.

De acordo com a gerente da Sesau, os cuidados com a higiene são fundamentais na prevenção das meningites. Segundo ela, alguns sintomas da meningite podem ser confundidos com os de outras infecções por vírus e bactérias, por isso, precisa a pessoa deve ser levada, o mais depressa possível, para avaliação médica de urgência.

Prevenção e vacinas - A vacina contra o Haemophilus influenzae tipo B também protege contra a meningite e faz parte do calendário oficial de vacinação, presente na Pentavelente. A vacina contra a meningite por pneumococo, embora tenha sido lançada na Europa e nos Estados Unidos, onde as características da bactéria são um pouco diferentes, fornece boa proteção também no nosso País.

A partir de 2010, a vacina conjugada contra meningite por meningococo C faz parte do Calendário Básico de Imunização, para as crianças de 3 meses a menores de 2 anos.  O esquema de vacinação obedece aos seguintes critérios: uma dose deve ser aplicada aos três meses; outra, aos cinco meses e a dose de reforço, aos doze meses.

Números no Estado - Segundo dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), em 2011 e 2012, o número de casos de meningite registrados segundo a etiologia, em Alagoas, somam 272 casos. Em relação aos sintomas segundo a evolução da doença, nesses dois anos, 224 casos foram considerados de alta evolução; além de 38 óbitos por meningite e 7 por outra causa.

Nesse mesmo período, a faixa etária entre 30 a 34 anos lidera o número de casos (67), seguido de 47 casos (21 a 26 anos) e 40 casos (1 a 4 anos). Quanto aos óbitos, ocorreram 16 casos também na faixa etária entre 30 a 34 anos, seguido de 7 casos (50 a 64 anos) e 6 casos (35 a 49 anos).

Segundo análise da gerente do Núcleo de Doenças Imunopreveníveis da Sesau, observa-se uma falta de critério das unidades assistenciais dos municípios no que se refere ao diagnóstico oportuno da Doença Meningocócica (DM). “É importante que a sintomatologia seja identificada logo início da doença para não causar a morte do paciente”, disse Claudeane Nascimento, ressaltando a necessidade de capacitações dos profissionais e o preparo das unidades de saúde para captação precoce de casos que se enquadrem nos critérios de suspeita da DM.  

Claudeane Nascimento alertou ainda que é de extrema relevância manter a Vigilância Epidemiológica e as unidades de saúde em alerta para notificação imediata e identificação dos casos suspeitos de DM para o desencadeamento das medidas de controle em tempo oportuno.

“Se o tratamento for iniciado de imediato, morrem menos de 10% de doentes com meningite bacteriana, mas se o tratamento for tardio são mais prováveis que se verifiquem lesões cerebrais permanentes ou mesmo a morte, sobretudo em crianças muito pequenas ou em idosos”, explicou a gerente da Sesau.

Diagnóstico - Todos os tipos de meningite são de notificação compulsória para as autoridades sanitárias. O diagnóstico se baseia na avaliação clínica do paciente e no exame do líquor, líquido que envolve o sistema nervoso, para identificar o tipo do agente infeccioso envolvido.

Se houver suspeita de meningite bacteriana, é fundamental introduzir os medicamentos adequados, antes mesmo de saírem os resultados do exame laboratorial. O risco de sequelas graves cresce à medida que se retarda o diagnóstico e o início do tratamento. As lesões neurológicas que a doença provoca nesses casos podem ser irreversíveis.

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