09/02/2018 13h34

Projeto levanta perfil socioeconômico de pescadores e catadores de sururu em Maceió

Números foram apresentados na 2ª reunião do Comitê Gestor do Projeto Maceió Inclusiva

 

Catadores de sururu receberão apoio e incentivos

A segunda reunião do Comitê Gestor do Projeto Maceió Inclusiva, realizada na manhã desta terça-feira (06), na Unidade Cloro Soda da Braskem, fez um balanço importante dos dados coletados e das ações que foram realizados em 2017. Também foram discutidas todas as atividades que estão previstos para este ano. Uma apresentação mostrou um Diagnóstico Socioeconômico das duas comunidades foco do projeto – os catadores de sururu da Lagoa Mundaú e os pescadores artesanais do Jaraguá – e a definição do prazo de entrega do Índice de Geração de Resíduos destas cadeias, para identificação dos novos produtos que podem ser gerados de tais sobras.

O projeto teve início em março de 2017, em uma união de esforços de diferentes atores públicos e privados para fomentar modelos de economia circular nas tradicionais cadeias de mariscos e pescados em Maceió. Os objetivos são a qualificação dos produtos e o possível  aproveitamento dos resíduos destas atividades como matéria-prima de outras cadeias, gerar emprego e renda para os envolvidos e diminuir os efeitos nocivos das atividades sobre o ecossistema local.

Nesta reunião, o Comitê Gestor foi informado que 108 pessoas foram registradas como pescadores artesanais no Jaraguá, enquanto 877 atuam na extração do sururu, dentre as quais 76% dos catadores no bairro do Vergel e 64% à beira da Lagoa Mundaú nunca conheceram outra realidade econômica, sendo identificadas como ‘comunidades tradicionais’.

“Essas 877 pessoas perderam sua principal forma de sustento por um bom período do ano passado, se você considerar que o sururu sumiu da lagoa entre maio e dezembro. Há relatos de pescadores que migraram para outras lagoas ou até mudaram de estado neste período, se deslocando para Pernambuco e a Bahia, por exemplo”, destacou Mauro Coutinho, consultor técnico do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento e Sustentabilidade (IABS), executor do projeto.

A extração do sururu é um trabalho eminentemente masculino (95% dos catadores), enquanto o beneficiamento ou despinicagem é dominado pelas mulheres (88% do total). A renda média mensal nesta cadeia fica entre R$ 612 para os homens catadores e R$ 328 para as mulheres despiniqueiras.

Com o perfil socioeconômico levantado, informou Mauro, os consultores dedicam-se agora aos diagnósticos produtivos, do mercado consumidor e o ordenamento pesqueiro para organização da extração do sururu. A entrega desses estudos está prevista para o próximo mês de maio, porém, um pouco antes, outros dados importantes sobre o sururu serão conhecidos durante a fase de caracterização, incluindo uma detalhada análise química.

“Será feita uma análise laboratorial da casca do sururu, para identificar seus componentes e assim entender quais são seus potenciais usos em outras indústrias, que é o propósito da economia circular. Essa entrega está prevista para 23 de fevereiro. Ao mesmo tempo, estamos levantando o Índice de Geração de Resíduos na pesca e com o sururu. Quando eu souber exatamente quanto produzo, vou poder saber qual tipo e a quantidade de resíduo eu gero nestas atividades e o que está apto a ser aproveitado em outra atividade econômica”, explicou a engenheira ambiental Beatriz Lyra, consultora do projeto responsável por essa fase dos estudos.

Outros dados levantados por Beatriz contemplam um mapeamento de pesquisas científicas já feitas por professores e estudantes em Alagoas, para aproveitar dados na sugestão de produtos que podem ser fabricados a partir dos resíduo da pesca e da casca do sururu. Um  documento com as sugestões tem previsão de conclusão para 16 de abril deste ano.

“A ideia é que o projeto seja transformador, gerando realmente modificações estruturais tanto para as pessoas que vivem da pesca e extração, quanto na oferta dos produtos, que têm uma presença muito forte no imaginário alagoano. O projeto tem uma governança estruturada, que permite a evolução dos trabalhos”, destacou Milton Pradines, gerente de Marketing e Relações Institucionais da Braskem.

Sobre o projeto

O Maceió Inclusiva através da Economia Circular foi estruturado como um projeto de valorização das cadeias tradicionais do sururu e da pesca artesanal, com o aumento do valor agregado dos pescados, reaproveitamento dos resíduos como insumos em novas cadeias produtivas, geração de emprego e renda e diminuição do impacto sobre o meio ambiente local. O projeto é uma parceria entre a Prefeitura de Maceió, através da Secretaria Municipal de Turismo (Semtur), e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), através do Fundo Multilateral de Investimento (Fumin), sendo executado pelo Instituto Brasileiro de Desenvolvimento e Sustentabilidade (IABS) com o apoio da Braskem, Sebrae em Alagoas e Agência de Fomento de Alagoas – Desenvolve.

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