30/06/2015 13h44

‘Love Lanches e Sorvetes’ nasce após OSE Palmeira dos Índios

Myria Sá tirou suas ideias do papel e se tornou empresária A Oficina Sebrae de Empreendedorismo (OSE) foi desenvolvida para despertar habilidades e competências empreendedoras. Em Alagoas, diversos casos de sucesso de participantes da oficina têm chamado a atenção por serem histórias de pessoas que descobriram qualidades que as levaram a empreender. Uma delas é [...]

Myria Sá tirou suas ideias do papel e se tornou empresária

A Oficina Sebrae de Empreendedorismo (OSE) foi desenvolvida para despertar habilidades e competências empreendedoras. Em Alagoas, diversos casos de sucesso de participantes da oficina têm chamado a atenção por serem histórias de pessoas que descobriram qualidades que as levaram a empreender. Uma delas é Myria Sá, empresária que participou da OSE em Palmeira dos Índios, em maio deste ano, e foi vencedora do desafio em que os participantes são estimulados a abrir um negócio fictício diferente do ramo em que trabalham. A ideia criada na oficina deu tão certo que se tornou uma empresa real: a Love Lanches e Sorvetes.

Antes de participar da OSE, Myria já era formalizada: ela confeccionava e vendia bijuterias na internet, trabalho feito desde quando cursava o Ensino Médio. A empresária disse que soube através das redes sociais que a oficina seria realizada em sua cidade, mas, no início, nem procurou se inscrever.  No dia do evento, resolveu ir até o local de realização junto com o marido, Sóstenes Felix.

“Soubemos que teria uma OSE em Palmeira, mas não demos muita atenção. Pedi para o pessoal que estava organizando para guardar duas vagas, mas isso não era possível. No dia do evento, ficamos com vontade de ir, mas disseram que as vagas já estavam todas preenchidas. Aí a gente foi e insistiu, até que uma moça permitiu que nós fizéssemos a inscrição”, conta Myria.

Nesse momento, a empresária mostrou que é persistente, assim como foi ao voltar a cursar a faculdade de Educação Física após uma gravidez e voltar a fazer bijuterias, atividade que também tinha parado. “Parei o curso de Educação Física na metade. Com o incentivo da minha família, voltei a estudar, me formei e ainda fiz uma nova faculdade, dessa vez, de Enfermagem. Também voltei a fazer bijuterias há três anos”, lembra.

Myria afirmou que, mesmo fazendo bijuterias, queria abrir outro negócio com o marido. O desejo veio 15 dias antes da realização da OSE em Palmeira dos Índios, período em que Sóstenes, jogador de futebol profissional, deu uma parada na carreira. Foi então que eles começaram a analisar o tipo de negócio que poderiam abrir no bairro. “Um amigo nosso tem uma sorveteria um pouco longe daqui do bairro. Ele também revende e faz entrega de sorvetes. Foi aí que pensei em abrir a nossa sorveteria”, destacou a empresária.

Então, Myria e Sóstenes foram à sorveteria do amigo para conhecer a variedade de sorvetes. A empreendedora disse que um tipo de sorvete específico lhe chamou a atenção, a ‘moreninha’, um sorvete com cascão, cobertura e que vem embalado. Quando foi desafiada a abrir uma empresa na OSE, Myria descobriu que aquela seria uma boa oportunidade para descobrir se montar uma sorveteria daria certo.

“Quando fui desafiada no segundo dia da OSE, dei risada e pensei logo que venderia a ‘moreninha’. Eu disse que seria a campeã do desafio, e a turma também. Eles não me levaram a sério, achando que eu estava brincando. Assim que saí da oficina naquele mesmo dia, mandei fazer uma blusa com o nome ‘Moreninha da Myria’. Na quarta-feira de manhã, saí para vender no Centro, e foi assim na quinta, na sexta e nos intervalos da oficina”, lembrou Myria.

Depois de tanto vender, a empreendedora foi a campeã do desafio, como ela mesma havia previsto. Myria destacou que foi através de sua persistência que conseguiu vencer outras empresas montadas na OSE, que vendiam produtos como cupcakes, docinhos, tapiocas, cafés especiais e churrasquinhos.

“Ganhei o desafio porque não me contive em vender somente nos intervalos da OSE, mas também estabeleci metas, como pegar sorvete duas vezes ao dia. Mas o negócio fez tanto sucesso que no primeiro dia eu peguei quatro vezes, em vez de duas; no segundo dia, eu peguei cinco vezes; e, no terceiro dia, eu peguei mais cinco. Foi assim que atingi o meu objetivo e vi que dava para a gente abrir a empresa”, frisou.

O início e as expectativas

Ao final da OSE, Myria e Sóstenes já tinham a certeza de que abririam a sorveteria. Como Myria já é empresária, ela passou a ser sócia do esposo na ‘Love Lanches e Sorvetes’. Para iniciar o negócio, poucas semanas depois da oficina, o casal teve o apoio de toda a família, inclusive da mãe de Myria, Lourdes Sá, que, além de ceder parte da casa, também contribuiu dando alguns móveis para o estabelecimento, como mesas e cadeiras. O casal restaurou alguns móveis antigos e os transformou em novos, tornando o ambiente da empresa ainda mais aconchegante. Emocionada, Myria falou sobre as expectativas relacionadas ao negócio.

“Não temos o objetivo de ficar ricos, só queremos ter o nosso cantinho. Ter um negócio próprio nos permite fazer o nosso horário, colocar o preço que acharmos viável. Foi isso que fez com que, logo que terminasse a OSE, já colocássemos a ideia em prática. E também foi mais fácil para nós, pois não pagamos aluguel. Abrimos o negócio na casa da minha vó, onde minha mãe mora há anos. Eu espero conseguir progredir no negócio, que a gente atenda bem as pessoas, que elas venham uma vez, vejam como é o atendimento e possam valorizar o nosso trabalho”, pontuou Myria.

Sóstenes também falou sobre suas expectativas e sonhos relacionados ao novo negócio. O empresário assegurou que buscará se capacitar ainda mais para que a empresa cresça. “As pessoas da cidade estão vindo tomar o nosso sorvete, provar os nossos lanches, e estão gostando do ambiente, que está bem agradável. Já estamos pensando em aumentar a empresa no futuro. Agora, quero participar de outras capacitações do Sebrae. Eu, como atleta, sempre fui movido por desafios. E, agora, entrando nesse ramo de sorvetes e lanches, vou me capacitar cada vez mais para poder melhorar, principalmente na parte de atendimento”, enfatizou o empreendedor.

Segundo Clébson Moreira, analista do Escritório Regional do Sebrae em Arapiraca, casos como o do casal Myria e Sóstenes mostram que o objetivo da OSE, que é fomentar a cultura empreendedora e estimular a criação de novos negócios, tem sido cumprido.

“Histórias como essa reforçam o objetivo da oficina e ainda fortalecem os negócios já existentes. Trouxemos o OSE para Palmeira dos Índios através do Projeto de Desenvolvimento Econômico Territorial (DET) na Bacia Leiteira, desenvolvido pelo Sebrae para dinamizar a economia local. Realizamos esse evento aqui e o resultado foi fantástico, a exemplo da Myria, que já registra esse resultado positivo”, complementou Clébson.

Aprendizado

Myria Sá ainda contou sobre o que aprendeu durante a OSE, conteúdo que servirá não só para o mundo dos negócios, mas também para a vida pessoal. “Na OSE, aprendi que não devemos desistir dos nossos sonhos. Que se você tem um sonho, um objetivo, você deve lutar para conseguir chegar até o final e buscar o que realmente você quer. Hoje, eu me sinto bem, me sinto útil. Já levanto da cama com um propósito. Tenho que cuidar da sorveteria, arrumar, limpar tudo, deixar tudo bem visto e agradável para que as pessoas venham e vejam como tudo é organizado. Todo mundo que entra fala que o ambiente está lindo, que é diferente. Isso que nos motiva a levantar todos os dias”, afirmou.

Pedro Fernando Goes é cliente da sorveteria de Myria e Sóstenes, e também participou da OSE. Ele disse que, antes da oficina, pensava em abrir um negócio, e a OSE ajudou a decidir que tipo de empresa abriria.

“Durante a OSE, eu abri mais minha cabeça, recebi o empurrão que precisava para criar minha empresa. Estou abrindo uma loja de celular, assessórios em geral e produtos importados, e a expectativa é boa. Na OSE, a gente aprendeu também a fazer uma sondagem de mercado. Fiz uma pesquisa e vi que a empresa será bem aceita. Estou torcendo para que dê certo. Já comecei a fazer a instalação e, no mês que vem, abrirei a minha loja”, concluiu.

Benefícios da OSE para o município

Além de benefícios específicos para os empresários e para aqueles que pensam em abrir uma empresa, a OSE também contribui para o fomento do empreendedorismo por onde passa. De acordo com Glifson Magalhães, secretário de Indústria, Comércio e Turismo de Palmeira dos Índios, a Prefeitura local trabalha junto ao Sebrae em Alagoas, desde 2013, quando foi implementada a Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas, instrumento que possibilitou a criação da Sala do Empreendedor.

O secretário disse que, antes da OSE, a Sala do Empreendedor de Palmeira dos Índios realizava, em média, cerca de seis atendimentos por dia. Após a OSE, são feitos aproximadamente 15 atendimentos a pessoas querendo se formalizar, tirar dúvidas, emitir guias de recolhimento, utilizando todos os serviços e perguntando quando terão novos cursos, oficinas e treinamentos.

“Em função da OSE, nós deixamos uma série de empreendedores com a mente acelerada, querendo ampliar os seus negócios. Então, eles começam a buscar mais a gente. O Escritório Regional do Sebrae em Arapiraca tem trabalhado conosco para formar uma programação para eles. A gente já vem estruturando cursos para serem realizados nos meses de julho e agosto, com foco nos microempreendedores individuais (MEI) e microempresas (ME). Também desenvolvemos, em paralelo, o trabalho com públicos específicos, com o segmento de movelaria e o setor de agronegócios, que já são contemplados pelo Sebrae através dos Arranjos Produtivos Locais (APL)”, afirmou Glifson Magalhães.

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