12/09/2013 10h07

Empreendedora de Alagoas está entre as três finalistas do Prêmio Cláudia na categoria Trabalho Social

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Empreendedora social Iraê Cardoso, que administra a Associação dos Amigos e Pais de Pessoas Especiais

Revista Cláudia

Ledson Lívio Lopes estuda pedagogia e trabalha na área administrativa de uma empresa. Mariângela de Oliveira organiza arquivos e faz uma pós-graduação em coordenação escolar. Jerlan Batista é professor e cursa o segundo ano de biologia. Os três fazem parte de um grupo de jovens da Associação dos Amigos e Pais de Pessoas Especiais (Aappe), que tem conseguido derrubar preconceitos contra os deficientes auditivos. Eles estão inseridos no mercado de trabalho e sonham em deslanchar na carreira que escolheram depois de concluir seus estudos. Talvez nada disso fosse possível sem Iraê Cardoso, baiana radicada em Alagoas, de 58 anos. Com a proposta de trabalhar com os surdos, e não para os surdos, ela abriu, em 1990, a Aappe, com sede em Maceió. “Na época, não encontrávamos no  estado uma só pessoa que soubesse ensinar a Língua Brasileira de Sinais (Libras). Havia um descaso muito grande com os deficientes auditivos”, recorda-se. Por isso, ela foi buscar profissionais em outros estados. Também começou a organizar eventos para discutir os direitos de quem não ouve e passou a pressionar o governo para garantir maior acesso à Libras.

Iraê se orgulha de ter transformado seu projeto de educação e saúde para surdos em um centro de referência no Nordeste. Hoje ela coordena cinco unidades da Aappe na capital e duas no interior – em Penedo e Santana do Ipanema. Isso  envolve 135 funcionários, que atendem mensalmente mais de 1,3 mil pessoas. Graças a uma parceria com o Sistema Único de Saúde (SUS), crianças e adultos recebem diagnóstico auditivo e atendimento nas áreas de otorrinolaringologia, fonoaudiologia, neuropediatria, terapia ocupacional e psicologia.

Além de oferecer cursos profissionalizantes, a associação faz a ponte entre a empresa e o funcionário, que é acompanhado por um intérprete nos três primeiros meses de emprego. “Temos mais de 400 surdos trabalhando, todos capacitados por nós”, comemora. Ainda há reforço escolar para todas as idades e ensino da função de intérprete de Libras. O desejo de Iraê de dar visibilidade, oportunidades e cidadania a esse grupo nasceu por causa da convivência com um irmão que não ouvia,morto atropelado aos 15 anos. “Uma das coisas que mais me indignavam era ver os surdos tratados como invisíveis”, diz. De temperamento empreendedor, ela não é de se contentar com o que já foi conquistado. Está agora empenhada na construção do Instituto Bilíngue de Qualificação e Referência em Surdez, que contará com biblioteca, videoteca, salas de informática, editora especializada e uma creche para bebês e crianças sem audição. Elas serão atendidas por profissionais igualmente surdos.

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