11/04/2013 12h49

Governo investe para reconhecimento da Indicação Geográfica do bordado filé em Alagoas

Estudo minucioso garante sucesso da IG do Filé no Estado, que engloba seis municípios do Complexo Lagunar Mundaú-Manguaba

Artesã trabalha minuciosamente na arte do bordado filé

O processo de instalação da Indicação Geográfica (IG) do bordado Filé, produzido pela região do Complexo Estuarino Lagunar Mundaú-Manguaba (CELMM), está próximo de se tornar uma realidade para os alagoanos. Com a fase de diagnóstico em conclusão, a iniciativa caminha para conceder um selo à tipologia, considerada genuinamente alagoana. Com a marca, o Filé terá um reconhecimento oficial de suas características, garantindo especificidade e qualidade ao bordado. 

A ação faz parte de um convênio, que conta com a coordenação da Secretaria de Estado do Planejamento e do Desenvolvimento Econômico (Seplande), em parceria com Universidade Federal de Alagoas (Ufal). A Seplande é a responsável por desembolsar uma quantia de R$ 90 mil para custear o procedimento, com a finalidade de trazer benefícios para o Estado e também aos artesãos que mantém a tradição viva através dos anos.

“O Governo do Estado tem um compromisso selado não só com o desenvolvimento econômico de Alagoas, mas também com a preservação do que temos de patrimônio imaterial. Garantir as nossas riquezas é uma luta constante, para isso o investimento nesta ação. Como consequência, vamos ofertar valorização ao que é produzido aqui e colocar Alagoas no mapa do artesanato, promovendo também melhor qualidade de vida para os mestres e seguidores que desempenham a atividade”, explica o secretário de Estado do Desenvolvimento Econômico, Luiz Otavio Gomes.

A demarcação territorial, processo fundamental para obtenção da Indicação Geográfica, foi realizada no ano passado, através do trabalho colaborativo de alunos do Instituto de Geografia, Desenvolvimento e Meio Ambiente (IGDEMA) e do Instituto de Ciências Sociais (ICS) da Ufal. Segundo a diretora de Design e Artesanato da Seplande, e coordenadora do Programa de Artesanato Brasileiro (PAB) em Alagoas, Dyeslene Teles, atualmente a implantação se encontra em definições importantes que irão reger as especificações do produto.

“A qualidade da linha, o tamanho do ponto, a combinação de cores, tudo isso precisa ser uniformizado. Para que o produto seja reconhecido, não podemos ter uma IG do filé com cada peça sendo feita de um jeito diferente. Para isso, os técnicos precisam passar pela fase de entendimento do que é Filé e o que não é, de forma minuciosa”, enfatiza Dyslene.

Embora a confecção do bordado não se limite à região do CELMM, é lá onde se encontra a produção mais expressiva do filé. Na região, dez grupos de artesãos de seis municípios situados na área delimitada pela análise participam do diagnóstico. Entre eles uma cooperativa, quatro associações e cinco grupos envolvidos no projeto, no Pontal da Barra, na Ilha de Santa Rita, em Coqueiro Seco, em Santa Luzia do Norte, em Satuba e em Pilar, compõem a iniciativa.

De acordo com a gerente de Design e Artesanato da Seplande, Aparecida Nunes,  o selo, que é concedido pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), vai configurar qualidade ao produto, o que também quer dizer segurança comercial.

“Ter o selo significa que temos um produto diferenciado de outras áreas que, eventualmente, também produzam Filé. Além de uma importância simbólica, essa ação representa um aumento considerável no que é requerido para o produto, já que eles só serão comercializados depois do aprimoramento da técnica e excelência no acabamento”, garante.

Para dar celeridade ao processo, no próximo dia 17 de abril, as equipes que coordenam a IG do Filé receberão consultores do Programa de Promoção do Artesanato de Tradição Cultural (Promoart), em um workshop. Nos dias 18 e 19 é a vez desse encontro acontecer junto aos artesãos que estão em processo de diagnóstico. “Essa equipe já acompanhou outras IGs, em outras regiões. A presença deles vai ser importante para que tenhamos contato com as experiência vivenciadas por eles nessas ocasiões. Com isso, poderemos absorver o que identificarmos de melhor para a aplicação disso ao Filé, em Alagoas”, relatou o secretário adjunto do Desenvolvimento Econômico, Keylle Lima.

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