06/02/2013 10h28

Documentário de TV Europeia mostrará boas práticas de cerâmicas alagoanas

Empresas de Alagoas geram e vendem créditos de carbono no mercado internacional

Empresário Frederico Godim, da Cerâmica Bandeira, no município de Capela
No período de 6 a 9 de fevereiro, uma equipe da emissora de TV alemã DW (Deutsch Welle) estará em Alagoas para fazer um documentário sobre a participação das cerâmicas Bandeira e Capelli no programa de crédito de carbono internacional.
 Pelo excelente trabalho desenvolvido na questão ambiental, as empresas alagoanas serão destaque do documentário que abordará o tema, pois investem em ações sustentáveis, contribuindo para a preservação do meio ambiente e aumentando o seu rendimento. As empresas de Alagoas geram e vendem créditos de carbono no mercado internacional, uma espécie de certificado que é fornecido quando há diminuição da emissão de gases, que provocam o efeito estufa e o aquecimento global no planeta.
“Um crédito de carbono equivale a uma tonelada de CO2 (dióxido de carbono) que deixou de ser produzida, e as empresas que conseguem diminuir a emissão de gases poluentes obtêm esses créditos, podendo vendê-los nos mercados financeiros nacionais e internacionais como commodities ambientais. O programa de créditos de carbono serve para equilibrar a emissão de gases no mundo”, explica Frederico Gondim, diretor das duas cerâmicas e presidente do Sindicato da Indústria Cerâmica do Estado de Alagoas (Sindicer). “Enquanto algumas empresas trabalham para diminuir a quantidade de poluentes jogados na atmosfera, outras ‘compram’ essa diminuição, porque têm necessidade de emitir os gases devido ao seu processo produtivo”, acrescenta.
O programa de crédito de carbono é uma das ações propostas pelo Protocolo de Kyoto, assinado em 1997 pelos países desenvolvidos, para reduzir a emissão de gases poluentes na atmosfera. Para que uma empresa obtenha créditos de carbono, ela precisa ter suas práticas avaliadas por uma Autoridade Nacional Designada (AND). No caso do Brasil, tal autoridade é a Comissão Interministerial de Mudança do Clima; somente após a aprovação pelo órgão é que o projeto pode ser submetido à Organização das Nações Unidas (ONU) para avaliação e registro.
Uma vez aprovado o projeto, a empresa pode vender seus créditos de carbono para os países mais industrializados. De acordo com o Protocolo de Kyoto, países desenvolvidos devem diminuir a emissão de gases poluentes, por possuir um processo produtivo mais intenso. Os países que não conseguem atingir as metas de redução estabelecidas compram os créditos de carbono de outras empresas no mundo que estão diminuindo a sua emissão.
A avaliação da comissão, refeita anualmente, indicou que a Cerâmica Bandeira e Capelli deixam de emitir 40 mil toneladas de CO2 por ano. No processo de queima das telhas e dos tijolos, a cerâmica utiliza como combustível matérias-primas que seriam prejudiciais ao meio ambiente caso fossem descartadas – pó de serra, casca de coco e restos da construção civil – além do bambu e eucalipto, matérias reflorestáveis e renováveis.
“O resíduo de serraria, ou o pó de serra, quando vai para o lixão, apodrece e se transforma em gás metano, que é muito mais poluente que o carbono. A casca de coco, quando queimada, gera CO2, mas, como o coqueiro não precisa ser derrubado, a própria planta realiza a fotossíntese e consome o CO2 que seria prejudicial à camada de ozônio. O bambu e o eucalipto também são usados como combustível: o primeiro pode ser cortado por infinitas vezes, mas, em todas elas, ele refloresce, também transformando o CO2 em oxigênio; o mesmo serve para o segundo, que só precisa ser replantado após o terceiro corte”, complementa Frederico.
“Nós já vendemos nossos créditos para empresas nacionais e internacionais. Com o dinheiro ganho, investimos em maquinário e em ações como alfabetização dos colaboradores, treinamento em liderança, gestão, técnicas de produção e cursos de manutenção para funcionários da empresa. Oferecemos, também, tratamento dentário e oftalmológico para os nossos trabalhadores. Quanto mais ações sociais praticamos, mais nosso crédito pode valer internacionalmente. Isso é muito bom, porque nos estimula a pensar cada vez mais no bem das pessoas e na conservação do meio ambiente”, complementa Frederico.
Durante a visita às cerâmicas, a equipe de jornalistas da TV alemã conhecerá os fornecedores de serragem, a sala de aula do programa de Educação de Jovens e Adultos (EJA) e o curso do Programa Sesi Cozinha Brasil. Eles também participarão de uma trilha ecológica para conhecer o  projeto de reflorestamento – a plantação de bambu, eucaliptos e de vegetação da Caatinga –, de um plantio de árvores com crianças da comunidades e assistirão a um jogo de futebol dos funcionários.
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