22/01/2013 12h37

Startup alagoana disputa prêmio internacional das Organizações das Nações Unidas em Abu Dhabi

Empresários criadores do aplicativo Hand Talk viajam ao Oriente Médio no próximo dia 02

Empreendedores alagoanos viajam a Abu Dhabi para a disputa final do prêmio internacional

G1

O projeto de três jovens alagoanos, que permite incluir socialmente deficientes auditivos por meio de aplicativos para dispositivos móveis, deixou de ser somente uma ideia no papel e está indo longe. Literalmente.

No próximo dia 2 de fevereiro, os empresários criadores do aplicativo Hand Talk (mãos que falam, em tradução livre ao português) viajam para Abu Dhabi, nos Emirados Árabes, onde disputam a fase final do WSA-mobile, prêmio internacional promovido pelas Organizações das Nações Unidas (ONU), que acontecerá entre os dias 3 e 5 do mesmo mês.

Considerado o Oscar da tecnologia móvel, o WSA-mobile contempla e promove os projetos com melhores conteúdos e aplicativos on-line em diversas categorias. Entre os 435 projetos de 102 países inscritos gratuitamente no prêmio, o Hand Talk e o MyFunCity são os únicos representantes brasileiros na disputa. A escolha do melhor app acontece através de votação nosite da WSA.

De acordo com o diretor executivo da startup alagoana, o publicitário Ronaldo Tenório, de 26 anos, apesar de gratuita, a inscrição segue alguns critérios de seleção. “O WSA seleciona projetos que já tenham algum prêmio ou recomendação no currículo. A conquista de um prêmio no evento Demo Day Alagoas, em agosto do ano passado e depois no Info Rio, abriu as portas para o Hand Talk no WSA-mobile”, disse. No mundo das startups, o “Demo Day” é um dia em que os empresários exibem suas empresas para investidores e outros empreendedores.

O aplicativo está entre os 40 finalistas no geral e concorre com outros quatro projetos na categoria Inclusão Social, o que, para os sócios-criadores, já é uma vitória.

“Recebemos um selo que nos aponta como um dos cinco melhores aplicativos na nossa categoria. No dia 4 de fevereiro apresentaremos o projeto no workshop do evento e, no dia 5, sai o resultado da disputa”, contou Tenório.

Alagoas em evidência

De Alagoas para o mundo ou do mundo para Alagoas? Ronaldo Tenório ainda se faz essa pergunta. Segundo o publicitário, o WSA-mobile será uma ótima oportunidade de fazer contatos e colocar o Estado no mitiiê da tecnologia. “É um orgulho representar Alagoas e o Nordeste nesse concurso. Infelizmente, às vezes, é preciso ser reconhecido lá fora para termos valor aqui”, afirmou.

O diretor de tecnologia do Hand Talk, Carlos Wanderlan, 30, concorda com o sócio e afirmou ao G1 que há bons produtores tecnológicos em Alagoas, mas faltava apoio governamental. “O prêmio é uma satisfação pessoal e um reconhecimento de um trabalho executado. Esperamos que seja um marco para atrair investidores para o Estado”, disse.

“Tínhamos muitas pessoas ligadas à área de tecnologia que produziam conteúdos legais, mas acabavam indo para Pernambuco, onde o polo tecnológico é referência, ou para outros estados, por causa da falta de incentivo do próprio mercado”, completou Carlos, que conseguiu as passagens para Abu Dhabi com a Secretaria da Ciência, Tecnologia e Inovação de Alagoas.

Tecnologia 3D

Hugo. Esse é o nome do boneco de aparência simpática que será o interlocutor entre o Hand Talk e os deficientes auditivos usuários da tecnologia. Os criadores realizaram estudos de linguagem corporal e tiveram o cuidado de garantir que Hugo fosse um personagem atrativo.

“Usamos uma tecnologia 3D, onde chegamos à conclusão que Hugo deveria ser magro, com uma cabeça grande e dedos finos para facilitar na gesticulação”, disse o arquiteto e chefe de operações do Hand Talk, Thadeu Luz, 27.

De acordo com ele, o aplicativo não é só um dicionário ou tradutor gramatical da língua portuguesa para libras. “Através de uma biblioteca de animação, programada por um conjunto de mais de 300 palavras, o Hand Talk converte dados de texto, som e imagem que são traduzidos em libras pelo Hugo”, contou.

Com a implementação de um recurso mais moderno, o aplicativo permitirá o reconhecimento de caracteres de imagens, como outdoors, placas ou manchetes de jornais para a conversão no Hand Talk.

Os jovens contaram com a ajuda de deficientes auditivos para o aperfeiçoamento do sistema. Eles colaboraram com a tradução das palavras em português para os sinais em libras.

Aplicativo gratuito

O projeto ainda está em fase de conclusão e, segundo Thadeu, em agosto deste ano o Hand Takl deverá estar no mercado. “No Demo Day usamos um protótipo e agora estamos em fase de negociação com clientes em potenciais, como bancos, secretarias de Educação e quaisquer empresas que queiram prestar acessibilidade para surdos e pessoas que convivam com eles”, afirmou.

Além de incluir socialmente pessoas com deficiência auditiva no mundo digital, o Hand Talk é um aplicativo gratuito e será disponibilizado em dispositivos móveis e, de acordo com os sócios, em outros tipos de plataformas. “A intenção é disponibilizar a tecnologia para totens em locais públicos e outros tipos de sistemas”, afirmou Thadeu.

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