Presidente da GraalBio, Bernardo Gradin, fala sobre a implantação da primeira unidade da indústria de etanol de segunda geração

Valdi Junior/VALOR MERCADO

O investimento de R$ 300 milhões na instalação da unidade de etanol celulósico da GraalBio, numa área de 20 hectares, município de São Miguel dos Campos, em Alagoas, pode transformar o Brasil em uma “Arábia Saudita verde”, ou seja, com potencial de abastecer o mundo com biocombustível produzido a partir do aproveitamento da biomassa. A indústria vai funcionar em cooperação com as usinas Caeté, Roçadinho, Triunfo e Porto Rico que fornecerão  a matéria-prima.

A afirmativa é do presidente da GraalBio Investimentos, Bernardo Gradin, durante o anúncio para investidores e empresários, no Hotel Jatiúca, sobre a planta que tem investimento previsto de cerca de R$ 300 milhões e conta com o suporte do fundo de financiamento para biotecnologia do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES). A iniciativa para conversão de bagaço e palha de cana como matérias-primas em etanol a partir da segunda geração é pioneira no Hesmifério Sul.

Segundo Gradin, a planta considerada uma biorrefinaria de etanol tem capacidade para comportar produção nominal de 82 milhões de litros de etanol e gerar 1.000 novos empregos diretos.

“O bagaço e a palha da cana oferecem potencial para ampliar a fabricação nacional de etanol na atual capacidade instalada em mais de 35% se apresentando como solução potencial para o déficit anual de 1 bilhão de litros. E, o mais relevante, sem investimentos adicionais em terras ou competição com a produção de alimentos. Estamos oferecendo uma solução limpa e viável economicamente para maximizar a produtividade e a competitividade do etanol brasileiro”, disse o presidente da GraalBio.

Para a construção da primeira planta de etanol celulósico em Alagoas, a GraalBio se associou à BetaRenewables e à Chemtex, afiliadas do grupo  italiano Mossi&Ghisolfi, que desenvolveu uma tecnologia única de pré-tratamento e conversão da biomassa – batizada como PROESA – capaz de converter vários tipos de matéria-prima em diversos bioquímicos e biocombustíveis.

Os parceiros fornecedores de enzimas e de leveduras industriais são Novozymes e DSM.

O presidente do Sindicato das Indústrias do Açúcar e do Álcool (Sindaçúcar/AL), Pedro Robério, destacou as condições favoráveis e competitivas do setor sucroenergético local como pontos fortes para o desembarque dos investidores da GraalBio em solo alagoano. O Estado tem capacidade de oferecer biomassa suficiente para atender a demanda da planta no início do processo em 2013 e, em um futuro projeto de ampliação.

“As agroindústrias alagoanas dispõem de volumes expressivos de bagaço e palha de cana. E as empresas têm todo o interesse em ajudar a consolidar e ampliar esse projeto inovador para o Brasil e o mundo”,  disse Robério.

Não é somente a palha e o bagaço da cana que podem abastecer a planta de biorrefinaria de etanol, declarou o governador Teotonio Vilela Filho. Segundo ele, a biomassa oriunda do eucalipto poderá vir a ser mais uma matéria-prima. Investidores têm procurado o Estado de Alagoas no sentido de explorar na zona da mata norte o cultivo de eucalipto com a finalidade de produção de etanol de segunda geração. “E o Estado tem conversado no intuito de atrair esses empreendedores”.

“Foi dada a largada. Alagoas entrou na rota de produtor do biocombustível de segunda geração em escala comercial”, concluiu o governador.

Os investidores da planta de etanol se deslocam hoje, quarta-feira, a São Miguel dos Campos para conhecer as instalações da agroindústria Caeté, onde ficará a unidade de etanol celulósica da GraalBio.