13/09/2012 15h12

Diretora de ‘Mariguella’ vem a debate nesta sexta-feira no Cine Sesi

Programação faz parte da VI Cine Brasil – Mostra Sesi de Cinema Brasileiro 2012

Diretora do Filmea 'Mariguella', Isa Grinspum Ferraz (que é sobrinha de Mariguella), estará em Maceió nexta sexta-feira
Assessoria*
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Diretora do filme 'Mariguella' Isa Grinspum Ferraz (que é sobrinha de Mariguella)
O Centro Cultural Sesi promove, nesta sexta-feira (14), às 20h, a exibição do documentário “Marighella” e, logo depois, às 21h45, um bate-papo com a diretora do filme, Isa Grinspum Ferraz (que é sobrinha de Mariguella). A programação faz parte da VI Cine Brasil – Mostra Sesi de Cinema Brasileiro 2012.
Narrado pelo ator Lázaro Ramos e com canção original de Mano Brown, o filme pontua a vida de Marighella a partir de depoimentos de Clara Charf, de Carlos Augusto Marighella (filho do militante) e de Antonio Candido (que avalia a trajetória de Marighella como heroica), entre outras pessoas.
O filme também usa documentos e fotos para contar a trajetória do militante, o seu gosto pelo estudo, a sua atuação política no PCB, a vida na clandestinidade, a luta armada durante o regime militar e a morte trágica numa rua de São Paulo, em 1969.
Em entrevista à Folha, a diretora Isa Grinspum Ferraz diz que seu tio não deixou muitas pistas. “Não há uma única imagem em movimento de Marighella vivo, e olhe que nossa pesquisa foi bastante aprofundada”, revela.
Ela ainda declara que o filme não pretende ser neutro, o que explicaria a afetividade narrativa que permeia o documentário. “O que eu quis mostrar foi um lado que poucos conhecem, e que é muito mais complexo e interessante do que apenas o desenho de um homem que ficou mundialmente conhecido por ter pegado em armas na segunda metade dos anos 60 para combater a ditadura”, avalia.
FOLHA - Carlos Marighella ainda é um enigma?
ISA GRINSPUM FERRAZ - Sim, o enigma continua. Qualquer biografia é sempre parcial, incompleta. Pode revelar partes, facetas, mas não há nunca um todo que se desenhe. No caso de Carlos Marighella, a dificuldade é ainda maior. Não apenas porque ele é um personagem complexo, cuja vida foi densa e intensa –e poderia, portanto, ser olhada por ângulos muito diversos–, como porque ele viveu quase 40 anos na clandestinidade, e sem deixar muitas pistas.
Não há uma única imagem em movimento de Marighella vivo, e olhe que nossa pesquisa foi bastante aprofundada. Ele foi perseguido como “a caça mais cobiçada”, no dizer do sociólogo Florestan Fernandes, e assumiu a clandestinidade de forma radical, tentando apagar seus traços e rastros.
E mais: o que havia terminou se perdendo nas numerosas prisões e invasões das casas em que viveu. Assim, o filme que fiz tem um caráter quase arqueológico, é um quebra-cabeça de aproximações.
FOLHA - Você não teme que o público crítico às ações da luta armada considere o filme laudatório demais?
ISA GRINSPUM FERRAZ - Não acho que a palavra seja “laudatório”. O Marighella que está ali é um Marighella, desenhado a partir da memória de quem o conheceu, filtrada pelo tempo. O meu é um filme investigativo, sim, mas não se pretende um filme jornalístico, e nem neutro (se é que isso existe). Eu assumo isso desde a primeira cena.
Enquanto eu fazia o filme, muita gente me perguntou se eu não iria ouvir “o outro lado”. O “outro lado” tem falado há décadas, seja omitindo o nome de Marighella, seja detratando sua figura, seja por meio das perseguições que ele sofreu, dos longos anos de prisão, das torturas a que foi submetido, dos tiros que quase o mataram em 1964 e de seu assassinato.
 O que eu quis mostrar foi um lado que poucos conhecem, e que é muito mais complexo e interessante do que apenas o desenho de um homem que ficou mundialmente conhecido por ter pego em armas na segunda metade dos anos 60 para combater a ditadura.
 A atividade política de Marighella é muito mais extensa, começa em 1932, e já de forma vigorosa. Ele era um mulato pobre, que vivia na Baixa do Sapateiro, descrita por Jorge Amado, era poeta, escrevia, foi deputado, conhecia e amava profundamente o Brasil profundo e se fantasiava de mulher para dançar no Carnaval, mesmo clandestino. Enfim, Marighella são muitos, e eu acho que temos de conhecê-lo melhor.
MARIGHELLA
DIREÇÃO Isa Grinspum Ferraz
QUANDO 14/09/2012, às 20h
CLASSIFICAÇÃO 10 anos
DURAÇÃO 100 min
ONDE Centro Cultural Sesi
* Com Folha de São Paulo
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