17/07/2013 12h20

Senai promove curso na área Têxtil com instrutor surdo; alunas destacam evolução na arte da costura

Alunas ressaltam a utilidade das mãos para comunicação além do guiar pontos na máquina de costura

 
Instrutor do Senai Joseildo Miranda, que é surdo, tem facilidade de comunicação com os alunos facilitando o aprendizado
Para as alunas de uma turma da área Têxtil do Centro de Educação Profissional Napoleão Barbosa – unidade do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) do Tabuleiro do Martins – as mãos têm mais do que a utilidade de manipular tesoura, fita métrica, tecidos ou guiar os pontos na máquina de costura. Elas também são usadas para se comunicar.
O instrutor da classe, Joseildo Miranda, medalha de bronze na Olimpíada do Conhecimento 2012 (maior competição de educação profissional do País, promovida pelo Departamento Nacional do Senai) na modalidade Confecção, é surdo. As quinze alunas são ouvintes, mas, assim como têm demonstrado evolução na arte da costura, elas não veem dificuldades de comunicação com o professor.
“As aulas estão sendo tranquilíssimas. Muitas vezes, a gente deixa até o Gilson [Vilela, tradutor de Libras – Linguagem Brasileira de Sinais] à vontade e se comunica diretamente com ele [o instrutor]”, afirma a aluna Ana Paula Cavalcante. Ela se diverte, ao reconhecer que não sabe Libras e, mesmo falando em sua “própria língua” de sinais, consegue se comunicar bem com Joseildo.
“No começo, eu pensei que teria dificuldades, que não entenderia nada, mas o curso está sendo normal”, destaca outra aluna, Alda da Silva Nunes. Ela diz que o gestual, as expressões faciais e a leitura labial são suficientes para se entenderem. “Eu quero me aperfeiçoar cada vez mais. Esse curso, para mim, tem sido uma ótima oportunidade”, alegra-se.
Esta turma, formada por 15 alunas, é a primeira da área Têxtil com a particularidade de ter um instrutor surdo dando aulas para ouvintes. Com duração de três meses e um total de 200 horas, o encerramento será no dia 30 deste mês de julho. O instrutor Joseildo Miranda disse que a experiência está sendo muito positiva.
“O nível de comunicação e entendimento tem sido muito bom durante esse período. A gente tem a oportunidade de trabalhar com a classe a questão da atenção e, para aquelas alunas que possuem mais dificuldades, nos esforçamos para que todas saiam daqui bem preparadas”, ressalta o instrutor.
Inclusão – A assessora de Educação do Senai em Alagoas, Nívia Andrade, destaca o trabalho de inclusão de pessoas com deficiência desenvolvido no Estado, que é referência em todo o País graças a iniciativas como programas de aprendizes, o Programa Senai de Ações Inclusivas (Psai) e os cursos específicos para este público – boa parte deles por intermédio do Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego) –, que ainda recebe atenção especial na preparação para a Olimpíada do Conhecimento.
“Nós mostramos que é possível vencer estigmas e preconceitos, entre eles, o de que pessoas com deficiência têm menos capacidade, o que não é verdade”, ressaltou Nívia.
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