Mais uma vez famílias inscritas no Programa Social do Leite no Estado ficam sem leite. Nesta quarta-feira, 200 famílias, moradores dos bairros do Jacintinho e da Ponta Grossa na capital deixaram de receber o alimento. Motivo: laticínios não efetuaram a entrega do produto nessas duas comunidades, revoltando donas de casas e idosos que esperaram por mais de três horas o caminhão que transporta o leite.
A dona de casa Maria das Dores Barbosa Paranhos disse estar revoltada com a falta do leite, que é tão útil na alimentação. “Esse litro de leite distribuído, embora pareça ser insignificante, é o que permite eu tomar um café diferente com uma papinha e ainda dividi-lo com meu neto”.
Quando não há leite, declarou Maria das Dores, o café da manhã fica fraco e é servido apenas à base de pão. Por isso, continuou, muitas mães, pais e avós estão sempre duas vezes na semana na porta da associação à espera do leite.
Apesar de estar aposentada, Nilza Francisca dos Santos também aparece na porta da associação em busca de um litro de leite. Animada para receber o leite da semana, dona Nilza mudou o semblante ao saber que não haveria distribuição de leite.
Quem também não conseguiu disfarçar a decepção de ter acordado cedo e não conseguir o leite para levar para casa foi a doméstica Amara Lopes dos Santos. Amara disse que o leite doado pelo Programa Social do Governo Federal é para o neto que mora com ela. “Não tenho condições de comprar leite nos supermercados porque está muito caro. Então esse leite é tudo para minha família”.
Sem saber de quem é a responsabilidade, a doméstica culpou o Governo do Estado por não ter regularizado a distribuição do leite. Uma coisa é certa: o leite não está chegando com regularidade nas comunidades.
Para o presidente da Associação da Ponta Grossa, Petrúcio Santos, onde há um ponto de distribuição do Programa Social do Leite, o leite não está sendo distribuído normalmente para as famílias humildes porque os governos federal e estadual não estão repassando o dinheiro para os laticínios responsáveis pela distribuição.
A entrega irregular do litro de leite para as famílias do bairro da Ponta Grossa levou Santos até a Secretaria de Agricultura do Estado para saber os motivos desse problema que atinge as pessoas mais carentes. Segundo ele, a Secretaria de Agricultura do Estado informou que é a falta de repasse do dinheiro do Governo Federal.
Enquanto a indefinição se o problema é do Governo Federal ou do Governo do Estado, diz o presidente da Associação da Ponta Grossa, os idosos e as crianças, principalmente, são os maiores prejudicados. “O Governo do Estado não poderia deixar de faltar leite para as comunidades. O povo pobre é quem sofre”.
A dona de casa Josefa Feitosa dos Santos acompanhada das amigas Gedalva Santos, Djora dos Santos, Ilda Cavalcante, Maria do Carmo e outros pais e mães de família estavam desde as 6h perambulando na rua onde se situa a associação aguardando ansiosamente a chegada do caminhão do leite.
Passando das 7h da manhã, as donas de casa começaram a desconfiar que o leite não chegaria. “É mais um dia sem leite. Não sei o que faço para comprar o leite do meu filho hoje. O governador Teotonio Vilela poderia esse problema da falta de leite”, declarou a mãe Alice Castro.