21/09/2016 16h18

Retomada da economia brasileira depende da retomada do mercado interno

Economista Zeina Latif, da XP Investimentos, em palestra, discorreu sobre sobre o cenário econômico na 9ª Conferência Internacional de Pecuaristas (Interconf)

Zeina Latif, da XP Investimentos, afirma em evento: 'o mercado doméstico é quem vai nos salvar'

“O mercado doméstico é que vai nos salvar”. As palavras são da economista Zeina Latif, da XP Investimentos, em palestra sobre o cenário econômico na 9ª Conferência Internacional de Pecuaristas (Interconf), que vai até amanhã (22.09), em Goiânia. Para Zeina, a situação econômica brasileira é tão grave que não dá pra depender do crescimento das exportações para a retomada. “Estamos falando de um mercado de mais de 200 milhões de consumidores. Porém, não se pode esquecer que são mais de 12 milhões de desempregados nesse momento. A recuperação da confiança dos brasileiros é o primeiro passo efetivo para uma onda positiva na economia”, entende a especialista.

Porém, essa não é uma tarefa fácil. O consultor Gustavo Figueiredo, sócio da Agrifatto, apresentou dados preocupantes sobre o medo do desemprego no Brasil. “É o maior índice desde 1999. Além do desemprego recorde temos um cenário de receio de mais demissões, o que dificulta ainda mais a tarefa do governo”, ressalta Figueiredo.

A boa notícia é que o pior já passou. Para Zeina Latif, há sinais de melhoria em vários indicadores. Para a economista, os próximos movimentos estão nas mãos do governo. “O desafio agora é retomar a normalidade, com superação da crise fiscal, redução da inflação, refluxo da taxa de juros e volta aos trilhos da economia. Atingindo esses objetivos de médio prazo o governo Temer já terá feito muito”, entende a economista-chefe da XP.

Concorrência com proteínas mais baratas – Economia em queda é sinal de redução do consumo. No caso da carne bovina, isso significa disputar a preferência com outras proteínas animais. Para Gustavo Figueiredo, da Agrifatto, num cenário como esse os pecuaristas precisam estar mais conectados do que nunca aos indicadores do mercado para não perder rentabilidade. “É preciso estar ligado ao mercado para entender os seus movimentos. A definição dos preços do boi gordo, por exemplo, depende de uma série de fatores, como o consumo de carne bovina, o desempenho das exportações, o ritmo de abate dos frigoríficos. Se o pecuarista quer vender pela melhor cotação possível tem de acompanhar o vaivém do seu negócio”.

Gustavo destaca que o melhor momento do ano para o pecuarista foi o mês de maio, quando o mercado futuro do boi gordo apontava para R$ 167,00 a arroba. “Porém, quem aproveitou? Muito poucos pecuaristas. Por que? Por algum motivo não analisaram corretamente os dados e aguardaram aumento das cotações. Porém, o que se viu foi virada do mercado e hoje o boi é comercializado a R$ 152,00 a arroba em São Paulo. R$ 167,00 no ano? Possivelmente não vai acontecer”.

A 9ª Conferência Internacional de Pecuaristas (Interconf) acontece em Goiânia (GO), até amanhã, dia 22 de setembro. Mais informações: www.interconf.org.br.

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