17/04/2015 14h10

Professor da FGV, Samy Dana, aponta Brasil como pouco competitivo durante congresso em Maceió

Inflação acumulada em doze meses chega a 8,1% e deve fechar o ano em 6,5%

Professor da FGV, Ph.D em business, Samy Dana, proferindo palestra em Maceió no Congresso Congresso Nacional de Sindicatos Patronais do Comércio de Bens, Serviços e Turismo

Mostrando um panorama sobre a atual situação da economia brasileira, o Ph.D em business e professor da FGV, Samy Dana, foi o responsável pela Palestra Magna, com o tema ‘Perspectivas para o Comércio’, nesta quinta-feira (16), durante o 31º Congresso Nacional de Sindicatos Patronais do Comércio de Bens, Serviços e Turismo, que acontece em Maceió.

A palestra atraiu cerca de mil participantes do evento, que reúne executivos e dirigentes de sindicatos patronais de todo o Brasil durante três dias em Alagoas e tem como objetivo de promover o intercâmbio de ideias sobre os mais variados temas ligados ao desenvolvimento do comércio e ao sindicalismo patronal brasileiro.

Samy Dana trouxe dados que mostram o difícil momento em que a economia do país vem atravessando numa ‘maré descendente’ nos últimos doze meses, e apresentou comparativos que justificam o porquê do Brasil crescer pouco e menos que outros países do mundo.

O país, segundo o ranking da GCI 2014-2015 (Índice de Competitividade Global), amarga o 57 º lugar, perdendo para países como África do Sul, Chile, China e EUA, entre outros, que estão bem distantes do Brasil. Esse ranking é feito através de um questionário respondido por empresários de vários países através do Fórum Econômico Mundial. Dentre os problemas que são citados pelo empresariado estão o ambiente macroeconômico, as instituições, infraestrutura, saúde e educação primária.

“Dólar, taxa de juros e inflação deixam o cenário bastante hostil para o empresário e isso é o reflexo de uma política consistente do governo de sinalização. Outro problema grave é que quase nenhum empresário confia nas instituições brasileiras, exceto à imprensa ou polícia. Na educação, por exemplo, o país gasta muito, mas gasta mal. A gente melhorou a educação, mas em proporção aos outros países, ainda estamos bem atrás”, comenta Samy Dana.

Outro dado que chama a atenção é o calendário referente aos dias de trabalho por ano que o brasileiro precisa exercer para pagamentos de tributos. O país aparece na data de 31 de maio. “Dos doze meses do ano, o brasileiro trabalha em média cinco meses para pagar impostos, ou seja, 150 dias são para o governo. Quando se compara com outros países, o México, dois meses e meio, assim como o Chile. Brasil só perde para Noruega, Bélgica, Itália e França”.

Sobre a taxa de desemprego no país, o índice de fevereiro e março de 2015 chega a 5,9%. No entanto Samy Dana explica que este não é um percentual real, já que os dados são divulgados pelo governo brasileiro e apenas são contabilizados aqueles que estão à procura de emprego. “De cada 100 brasileiros, 44 não procuram emprego e não entram nesses dados. Seja porque estão na economia informal, ou porque são dependentes de algum tipo de programa social do governo federal”, colocou o palestrante, que considera o percentual razoável em comparação há décadas anteriores.

Para o empresariado, Dana ainda apresentou um quadro com a evolução da taxa de juros e a inflação nos últimos meses no país e que essa taxa faz o Brasil ocupar o 3 º lugar, perdendo apenas para o Iraque e o Paquistão.  “Em março de 2015, a taxa de juros chegou a 12,35%, enquanto a inflação acumulada dos últimos doze meses foi de 8,1%. Esse ano a inflação deve sair da meta de 4,5% como o governo anunciou e deve ficar em média de 6,5% ao ano”.

Mas como o Brasil poderá voltar a crescer? Segundo Samy Dana, é preciso de uma aproximação maior do governo com os empresários. “O governo vem pecando justamente pela falta de confiança. Se os empresários não investem, não há geração de renda, sem renda ninguém consome, e assim geram menos investimentos. É quase uma profecia auto-realizada. O governo não tem feito nada para ganhar a confiança. O problema não pode ser resolvido em um mês, mas pelo menos deve assinalar que algo está melhorando”, concluiu.

Perfil de Samy Dana

Atualmente, Samy é professor na Escola de Economia de São Paulo da FGV, coordenador de International Affairs e do Núcleo de Cultura e Criatividade-GV Cult. Escreve semanalmente, às segundas, no Caderno “Mercado” da Folha de São Paulo.  É também colunista da Você SA, além de comentarista do Programa da Conta Corrente da Globo News. Hoje, faz parte do jornal Hora Um na Rede Globo.

Ele possui graduação em economia, mestrado em Economia, doutorado em Administração e Ph.D in Business (Field of Finance). É também consultor de empresas nacionais e internacionais dos setores real e financeiro e órgãos governamentais. Autor dos livros “10x sem juros”, editado pela Saraiva (2008), em coautoria com Marcos Cordeiro Pires, e “Como passar de devedor para Investidor”, em coautoria com Fábio Sousa.

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