O IBGE aponta números preocupantes do desemprego no País. São 27,6 milhões de pessoas desempregadas, que trabalham menos do que gostariam ou que desistiram de procurar emprego no segundo trimestre de 2018. Desse total, são 13 milhões de trabalhadores que estão desempregados no país, sendo 3,1 milhões o número de pessoas que estão fora do mercado há mais de dois anos. Alagoas lidera o ranking nacional como o estado que mais apresentou trabalhadores que já desistiram de procurar emprego.
Conforme análise do assessor econômico da Fecomércio, Felippe Rocha, a série histórica trimestral sobre a quantidade de pessoas empregadas no setor privado aponta que, entre 2012 a 2018, o primeiro trimestre de 2014 representou o maior índice do Estado, em termos de quantidade de pessoas contratadas no mercado formal, inclusive considerando os trabalhadores sem carteira, que à época totalizavam 502 mil pessoas, excluindo os trabalhadores domésticos. No segundo trimestre de 2018, esse número caiu para 399 mil pessoas empregadas.
Entre 2012 e 2018, ao analisar o número de carteiras assinadas, o momento de maior volume de contratados foi no primeiro trimestre de 2013, com aproximadamente 355 mil trabalhadores formalizados em Alagoas. No segundo trimestre de 2018, foram apenas 265 mil; número 25,35% menor do que em 2013. “Se compararmos o segundo trimestre de 2018, em relação ao primeiro trimestre deste ano, a redução dos postos de trabalho foi de 9,24%”, afirmou o economista.
Com essa dificuldade, a saída encontrada por muitos alagoanos tem sido a informalidade. O número de trabalhadores domésticos, por exemplo, aumentou 8,82% no mesmo período. “Vale frisar que o número de trabalhadores domésticos com carteira assinada estagnou em 17 mil, mas sofreu com redução do segundo trimestre de 2017 até o primeiro trimestre de 2018. Se analisarmos a redução entre esse período citado, há 19,07% menos trabalhadores domésticos com carteira assinada”, explicou Felippe.
Os trabalhadores do Estado estão buscando saída para a falta de trabalho por meio do empreendedorismo e trabalhando por conta própria. Hoje, são 254 mil alagoanos buscando essa solução, número 4,52% maior quando comparado ao trimestre anterior, mas 12% menor quando analisado em relação ao mesmo trimestre do ano passado. “Isso pode significar que não há mercado suficiente que sustente empreendimentos ainda sem CNPJ, apontando que a redução se deve à fragilidade do consumo em ambientes de renda mais baixa, que dependem da renda de trabalho”, ressaltou o assessor econômico.
Entre 2012 e 2018, a indústria viveu seu ápice de pessoas ocupadas no último trimestre de 2012, empregando cerca de 104 mil colaboradores. Hoje, nesse segundo trimestre de 2018, emprega apenas 55 mil pessoas, número 47% menor. Já a construção civil, que chegou a empregar 106 mil pessoas no primeiro trimestre de 2014, emprega cerca de 69 mil pessoas no segundo trimestre de 2018, número 34,9% menor.
O setor de Comércio do Estado (o que mais emprega), que já chegou a empregar com carteira assinada cerca de 242 mil pessoas no terceiro trimestre de 2015, hoje emprega 200 mil pessoas, valor 17% menor. Assim, por conta da informalidade e pela desistência de buscar empregos formais, a taxa de desemprego de Alagoas nesse segundo trimestre caiu para 17,3% ante 17,7% apresentado no primeiro trimestre deste ano.
Os dados são preocupantes porque Alagoas é um estado muito pobre e boa parcela da população depende da renda do trabalho para sobrevivência. Sem emprego, a inadimplência tende a piorar na região, o consumo a reduzir e a violência aumentar.