Agricultoras do Alto Sertão alagoano conheceram práticas agroecológicas para reuso de água em um dia de intercâmbio promovido pelo Projeto de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) para Mulheres Rurais da Emater/AL, nesta terça-feira (11), no município de Craíbas.
A ação envolveu 22 agricultoras dos municípios de Mata Grande, Inhapi, Água Branca, Olho D’água do Casado e Piranhas que puderam conhecer a experiência do agricultor familiar Antonio Lima Filho, no sítio Cerca de Varas, no tratamento de águas cinzas — águas oriundas do cotidiano doméstico, como chuveiros, lavanderias e lavatórios — para reuso em irrigação nos cultivos de plantas de uva e maracujá.
De acordo com a coordenadora de projetos agroecológicos da Emater, Maria da Guia, que também conheceu a área, a prática agroecológica utiliza recursos naturais como areia, brita e carvão para filtragem de mais de 95% das impurezas da água, processo que dispensa aplicação de produtos químicos e evita que o esgoto cause maiores danos ao ambiente.
“A reutilização da água minimiza os impactos dos resíduos de efluentes, que iriam para o meio ambiente danificando o solo e contaminando os aquíferos. Além disso, faz com que a água potável seja substituída pela reutilizada e deixe de ser direcionada à irrigação, otimizando o uso do recurso hídrico tão escasso na região”, esclareceu a coordenadora .
Além do reúso de águas cinzas, as agricultoras também puderam entender a viabilidade do cultivo de uva e maracujá, culturas que apesar de serem incomuns na região, tem demonstrado viabilidade agrícola devido ao sistema de irrigação com águas reutilizadas.
A gerente de Pesquisa e Inovação Tecnológica da Emater, Joseani Castro, ressalta que, ao demonstrar experiências reais de outros agricultores, a Emater consegue ampliar a disseminação de práticas que contribuam para o desenvolvimento e diversificação da produção e, ainda, manter tais práticas baseadas em princípios agroecológicos.
“A intenção é fazer com que estes produtores conheçam as técnicas desde o plantio até a colheita, bem como, as vantagens econômicas, ambientais e sociais. Desta maneira, quando se proporciona esse contato entre tais produtores, a troca de experiência é significativamente validada e levada em consideração como fato real e possível”, frisou.
De acordo com Joseani, a equipe técnica da região do Alto Sertão, sob supervisão de Tânia Barbosa, tem sido de suma importância para realização destas atividades. O grupo de produtores atendidos neste intercâmbio são assistidos pela engenheira agrônoma Rosângela Duarte e assistente social Tanihely Barbosa.