20/05/2014 11h11

Canal do Sertão é base para megassistema de abastecimento de água em Alagoas

Três grandes sistemas hídricos são construídos a partir do Canal; água que corre pelos primeiros 65 km já leva vida ao semiárido alagoano

Água do Canal do Sertão utilizada para irrigação do plantio de milho

Após mais de 20 anos passando de governo a governo como a maior promessa que o povo sertanejo já ouviu, mas que nunca saía do papel, a maior obra estruturante da história de Alagoas mostra resultados, pouco mais de um ano após a inauguração de seu primeiro trecho. O Canal do Sertão, cuja água já irriga propriedades de pequenos agricultores ao longo de 65km, vem mudando a paisagem que antes era seca e possibilitando a estruturação de um megassistema de abastecimento que atenderá 46 municípios do semiárido alagoano.

Primeira obra hídrica em funcionamento de um conjunto que vai levar água tratada e encanada para 1 milhão de pessoas no interior, a execução do canal em primeiro plano foi primordial para a vinda de recursos federais para a construção das três novas adutoras que completam o grande sistema. É o que explica o secretário de Infraestrutura do Estado, Marcos Vital: “A execução da obra do Canal do Sertão com transparência e responsabilidade possibilitou ao governo do Estado angariar recursos federais para erguer as três grandes adutoras”.

Os sistemas adutores citados pelo secretário são o do Alto Sertão, o da Bacia Leiteira e o do Agreste, que entra em testes esta semana e deve ser inaugurado em junho.

“As adutoras estão sendo construídas com verba federal e estadual. Essas verbas federais só são liberadas quando outras etapas do projeto já mostram resultado. Assim, para poder tocar a construção das adutoras, primeiro precisamos fazer o canal despontar como a grande obra hídrica que norteia as demais”, afirma Vital. “Com muito empenho, o Governo de Alagoas fez o Canal do Sertão virar realidade e trouxe essas outras importantes obras de abastecimento, que são as adutoras”.

O acesso à água hoje

O leito de 65 km de água correndo em meio à aridez do Sertão já fornece água à população, enquanto as novas adutoras ainda não entram em operação. Já são cerca de 200 mil pessoas atendidas, seja por carros-pipa cadastrados e fiscalizados pela Defesa Civil ou por meios para o cultivo irrigado.

Hoje, mais de 1.200 pontos de ligação levam a água do canal por tubulações direto a pequenas propriedades, permitindo que os agricultores irriguem seus lotes. Outros 150 agricultores já receberam os primeiros kits de irrigação distribuídos pelo governo em convênio com a Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba) – mais 750 kits serão entregues até o fim deste ano.

Há, ainda, cerca de 200 barreiros abastecidos por água do canal, que matam a sede dos animais. Alguns deles foram povoados com peixes, como tilápias e tambaquis, para o desenvolvimento da piscicultura.

Distribuição de água é questão humanitária, diz secretário

Tanto os barreiros, quanto os pontos de captação de água por carros-pipa e agricultores estão georreferenciados pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (Semarh), que gerencia o Canal do Sertão. “A secretaria sabe para quem a água vai e para quê ela está sendo utilizada. Os usuários são pessoas que sofrem com a maior estiagem já vista nos últimos cem anos”, afirma o secretário Napoleão Casado.

“A distribuição da água que já corre pelo canal é uma questão humanitária. À medida que as obras vão avançando, é importante que os trechos concluídos sejam inaugurados para atender à população, como está acontecendo agora”, explica Casado.

Segundo o secretário de Recursos Hídricos, a situação provisória de abastecimento por meio de carros-pipa é feita com critério e monitoramento. “Não podemos dificultar o acesso à água pela população. Pelo contrário, estamos aqui para facilitar esse acesso”, disse Napoleão Casado.

Desenvolvimento do campo e apoio à agricultura familiar

Centenas de famílias que vivem da terra e da criação de animais vêm sentindo na pele os benefícios já trazidos pelo Canal do Sertão. Para que esses pequenos produtores consigam expandir suas lavouras e criações com qualidade e sustentabilidade, pesquisas e projetos são colocados em prática pelos órgãos estaduais ligados ao desenvolvimento agrário. É o caso dos profissionais que vêm sendo treinados pela Emater (Instituto de Inovação para o Desenvolvimento Rural Sustentável) para dar apoio técnico às atividades rurais.

Além de técnicos que estão sendo capacitados para trabalhar junto a 960 agricultores em 12 municípios, outro edital está oferecendo bolsas para profissionais que prestarão assistência técnica aos agricultores familiares beneficiados com os kits de irrigação entregues pelo governo e a Codevasf. Já o projeto Mulheres Rurais em Territórios da Cidadania vai assistir 240 mulheres em oito municípios sertanejos para qualificá-las no trabalho com a produção de alimentos, bens e serviços e sua comercialização.

Segundo a diretora-presidente da Emater, Inês Pacheco, a região tem potenciais econômicos como a bovinocultura do leite, a ovinopacrinocultura e a plantação de palma e sorgo. Com foco nesse diagnóstico, um convênio com o governo federal vai implantar 86 unidades demonstrativas das culturas de palma e sorgo voltados para a forragem animal na região do Canal do Sertão. “A Emater trabalha para aumentar o conhecimento desses agricultores e para dar a tecnologia adequada para o trabalho deles eles”, conclui Inês Pacheco.

Avanços do Canal do Sertão fazem a alegria do sertanejo

 

Deixe o seu comentário