Valdi Junior/VALOR MERCADO
A Cooperativa da Produção Leiteira em Alagoas (CPLA) está desenvolvendo um projeto inovador e autossustentável de reestruturação da Bacia Leiteira do Estado de Alagoas a partir da integração das cadeias produtivas do leite, da cana-de-açúcar e da fruticultura. Tal iniciativa que contará com o apoio imprescindível dos agricultores familiares possibilitará a reconstrução da indústria de laticínio de Batalha.
No primeiro momento, os produtos que integram as cadeias produtivas vão alimentar a indústria, que dotada de equipamento de uso múltiplo, terá capacidade de fabricar leite em pó instantâneo e aproveitar o soro de leite da fabricação de queijo para a produção de leite em pó formulado, disse o médico veterinário Fábio Teles, consultor executivo do projeto CPLA Leite – Agricultura Familiar Empreendedora do Sertão Alagoano.
Teles disse que nessa mesma unidade industrial será produzido leite condensado e doce de leite. Esse processo permitirá a integração da cadeia do leite com a cadeia da cana-de-açúcar. Também serão fabricados leites formulados e iorgutes de polpa de frutas oriundas da região possibilitando a união da cadeia de lácteos com a fruticultura gerando emprego e renda à população local.
Esses elos de produção primária de reestruturação da Bacia Leiteira irão a princípio contemplar quatro mil agricultores familiares abrangendo os povos das comunidades quilombolas.
Além do benefício social, a CPLA está concentrada no trabalho de extensão rural e na assistência técnica às famílias de agricultores capacitando-os para gerir seu próprio negócio (sua propriedade rural) dentro das potencialidades de produção animal (bovino e caprino), associando a fruticultura e a cana-de-açúcar.
A projeção da diretoria da CPLA é beneficiar 29 milhões de litros de leite/ano no primeiro ano de operação da indústria de laticínio Batalha. Essa movimentação vai proporcionar ao associado aumento da renda e melhora na condição de vida familiar cujo faturamento vai alcançar a soma da atual acrescida de R$ 1.100,00/mês.
Do ponto de vista financeiro, o processamento desse significativo volume de leite irá resultar no pagamento R$ 760 mil/ano de contribuição da Previdência Social e R$ 3 milhões/ano de ICMS. Números expressivos que no prazo de 10 anos tenderão a subir a partir do avanço desse projeto de inclusão social que dobrará o faturamento mensal e o número de associados.
O aumento no número de associados e a expansão da renda vão provocar impacto na arrecadação da Previdência Social e de ICMS, que atingirão o montante de R$ 2,9 milhões e R$ 99 milhões, respectivamente.
Segundo o consultor executivo, esse período de uma década abrangerá ainda a reestruturação dos cinco mil estabelecimentos de associados com o resultado direto na produtividade. O agricultor familiar integrado ao projeto sairá de uma produção diária de 32 litros para 100 litros de leite elevando a renda com maior produção e mais qualidade.