15/01/2013 13h50

Exportação menor para Rússia e aumento da oferta seguram preço do açúcar, diz Pedro Robério

Seca também diminui safra de cana-de-açúcar, o que provoca aumento dos custos e receita menor

Presidente do Sindaçúcar Pedro Robério cobra posição do governo no sentido de fortalecer o setor sucroenergético

O jornalista-diretor do VALOR MERCADO, Valdi Junior,  entrevistou por email  o presidente do Sindaçúcar (Sindicato das Indústrias do Açúcar e Álcool do Estado de Alagoas (Sindaçúcar/AL), Pedro Robério Nogueira, sobre o desempenho do segmento neste ano de 2012 em termos de produção de açúcar e etanol, e também, a respeito do preço da commodity açúcar no mercado internacional. Ele destaca a queda na produção da cana-de-açúcar devido a longa estiagem na Região Nordeste e, sobretudo, a depreciação do preço do açúcar provocada por dois movimentos: a redução da importação de açúcar pela Rússia e ao aumento da oferta no mercado externo..

VALOR MERCADO  – Qual o resultado da safra 2012/2013 com a colheita de metade da safra de cana-de-açúcar  no Estado?

Pedro Robério – Até a data de 31/12/2012 registramos uma redução da moagem de canas em cerca de -11,33 %. Esse percentual a depender das chuvas que venham a ocorrer a partir de janeiro/2013 poderá aumentar ou mesmo diminuir. De qualquer forma a presente safra será menor do que a safra anterior 2011/2012, situação que nos encaminha para um resultado financeiro muito ruim, em face da não conversão em receita dos esforços no plantio e tratos culturais nos canaviais.

VM – O senhor arriscaria a dizer o impacto da seca percentualmente no canavial? E qual o prejuízo para o setor?

Pedro Robério – A redução de safra acima mencionada decorrerá, unicamente, da forte estiagem verificada desde novembro de 2012. A redução de renda no estado pela frustação de receita em todos os elos da cadeia produtiva será na ordem de R$ 500 milhões.

VM – Qual o volume de açúcar e etanol produzido até agora?

Pedro Robério – Até 31/12/12, foram produzidas 1.372.909 toneladas de açúcar e 299,576 milhões de litros de etanol.

VM – Como está o preço da commodity açúcar no mercado internacional? O cenário está favorável?

Pedro Robério – Não está favorável em face da redução dos negócios em decorrência da crise mundial, associada a redução de importações pela Russia, nosso maior importador até a safra antepassada. Por outro lado, a expectativa de uma maior safra 2013/2014 na região centro-sul e a falta do anúncio pelo governo federal do retorno da mistura do etanol anidro à gasolina para 25%, tem criado uma expectativa de excesso de produção de açúcar na próxima safra, situação irreal que deprime os preços no momento.

VM -  Em relação ao etanol, como estão as conversações com o Governo Federal no sentido de instituir uma política de preço justa para o mercado interno que garanta margem de segurança às destilarias?

Pedro Robério – O Governo Federal se mantém impassível sobre a necessária mudança na política de preços para os combustíveis. Nesse contexto o etanol submetido às regras de mercado no que respeita a absorção de custos de produção não encontra ambiente de ter um preço competitivo e estimulador de novos investimentos e aumento da produção.

VM – O setor sucroenergético está debatendo outras questões com o governo federal? Quais?

Pedro Robério – O setor sucroenergético nacional através do Forum Nacional Sucroenergético e dos Sindicatos estaduais de produtores vem permanentemente pleiteando uma política para a produção e comercialização de etanol com estabilidades para os agentes econômicos envolvidos. Tem mantido reuniões permanentes com o Ministério de Minas e Energia, o Ministério do Desenvolvimento e do Comércio Exterior e do Ministério da Agricultura pleiteando o anúncio de medidas que venham a devolver aos produtores de etanol a parcela de competitividade que lhes foi subtraida nesses últimos dois anos.

VM – Diante dos cenários favoráveis e desfavoráveis no mercado e no campo, qual o volume de recursos que o setor deve está injetando na economia alagoana nesta atual safra?

Pedro Robério – O setor poderia estar fazendo circular cerca de R$ 4 bilhões em nossa economia. Contudo essas adversidades em função da política governamental para os combustíveis aliada a frustação de safra pela forte estiagem, poderão estar reduzindo a circulação de renda em nosso estado ao redor de R$ 500 milhões, lamentavelmente.

 

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