Valdi Junior/VALOR MERCADO
O presidente da Cooperativa de Produção Leiteira em Alagoas (CPLA), Aldemar Monteiro, protocolou hoje, quarta-feira, 16, no Palácio República dos Palmares, documento solicitando reunião de emergência dos produtores de leite associados à entidade com o governador Teotonio Vilela Filho, com a seguinte pauta: reajuste no preço do leite fornecido ao Programa do Leite do Estado.
Monteiro diz que o preço atual de R$ 0,86/litro de leite pago ao produtor integrante do Programa do Leite está motivando muitos produtores a abandonarem o programa e optarem por entregar o produto aos grandes laticínios. “E o fator principal para a debandada dos pecuaristas é o preço”. As maiores indústrias de laticínios, a exemplo da Bom Gosto e Batavo instalados em Pernambuco, estão pagando acima de R$ 0,90/litro/leite.
Essa política de conquistar o produtor alagoano pelo preço está surtindo efeito, principalmente, entre os pequenos, declara Monteiro. Como o valor de R$ 0,01 (um centavo) faz toda a diferença, ele diz que o agricultor familiar não pensa duas vezes na hora de mudar. “Deixa de fornecer aos laticínios comprometidos com o Programa do Leite e passa a entregar as grandes indústrias”.
Esse movimento tem crescido nas últimas semanas, o que tem ocasionado a diminuição do volume de leite nos laticínios alagoanos.
E ainda há outro fator agravante, neste ano de 2012: o efeito da longa estiagem que provoca aumento nos gastos com insumos e consequentemente diminui a rentabilidade da propriedade rural. O pequeno produtor João Augusto, do município de Cacimbinhas, fala que os custos da fazenda vêm aumentado com a seca. A cada dia que se passa sem chuva, aumentam as despesas.
Custo de produção
Estudos do Sebrae Alagoas apontam que a remuneração digna para o produtor de leite é de R$ 1,00/litro. E os pequenos laticínios integrados ao Progama do Leite deveriam receber R$ 1,80/litro; valor suficiente para cobrir os custos de operação e manutenção e torná-lo autossustentável.
Se não for tomada nenhuma providência, os laticínios alagoanos vão fechar as portas devido à concorrência desleal das grandes indústrias e a queda abrupta na produção em decorrência da seca. As duas variáveis já provocaram o fechamento do Laticínio de Ibateguara.
A CPLA vem lutando para os produtores rurais não deixarem de fornecer leite ao Programa do Leite, que teve papel decisivo na recuperação do preço da matéria prima e no combate à mortalidade infantil no Estado. No entanto, esclarece o presidente da CPLA, está sendo difícil diante da pressão dos grandes grupos de laticínio que conquista o agricultor pelo bolso.
Em razão desse atual quadro, a CPLA em parceria com a Federação da Agricultura do Estado de Alagoas (Faeal), Associação dos Criadores de Animais (ACA), Sindicato dos Produtores de Leite (Sindleite), Federação de Agricultura do Estado de Alagoas (Fetag) e da Federação das Indústrias do Estado de Alagoas (Fiea), vem solicitar ao Governo do Estado uma nova política de realinhamento no preço do leite para garantir o Programa do Leite, considerado essencial para o desenvolvimento social e econômico de Alagoas.