23/07/2015 13h06

Dólar avança e já encosta na casa de R$ 3,30

Cotação de R$ 3,29 é a maior desde 19 de março

G1

O dólar avançava cerca de 2% e encostava em R$ 3,30 nesta quinta-feira (23), maior patamar em quatro meses no intradia, após o corte nas metas fiscais do governo alimentar temores de que o Brasil pode vir a perder seu valioso grau de investimento.

Por volta das 12h30, a moeda norte-americana avançava 2%, a R$ 3,2902 na venda, após marcar na véspera a maior alta em quase dois meses.

Na máxima da sessão, a divisa subiu quase 2,30% e atingiu R$ 3,2992. É a maior cotação desde 19 de março, quando o dólar fechou em R$ 3,2965. Antes disso, a maior cotação do dólar foi registrada em abril de 2003. E também foi o maior valor intradia desde 20 de março, quando foi a R$ 3,3162.

O mercado teme que o país, depois de esperado rebaixamento pela Moody’s e pela Fitch, receba perspectiva negativa de alguma das agências. Com isso, ficaria na iminência de perder seu cobiçado grau de investimento.

“O que deve acontecer já no curto prazo é um rebaixamento pela Moody’s, com perspectiva negativa, mas sem a perda do grau de investimento”, escreveu o operador da corretora Correparti Jefferson Luiz Rugik, em nota a clientes. A Moody’s deve manifestar-se sobre a nota brasileira em breve após visita ao país na semana passada.

Na véspera, o governo reduziu a meta de superávit primário deste ano para R$ 8,747 bilhões, ou 0,15% do Produto Interno Bruto (PIB), contra R$ 66,3 bilhões, ou 1,19% do PIB, previstos até então. Além disso, foi incluída uma cláusula de abatimento da meta fiscal em até R$ 26,4 bilhões na nova meta fiscal, caso ocorra frustração em três medidas lançadas pelo governo para aumentar a arrecadação como aquela que prevê a recuperação de débitos atrasados em até R$ 10 bilhões. Ou seja, existe o risco de o governo não conseguir registrar superávit em 2015, e sim déficit primário, embora o governo avalie como “pouco provável”.

As metas para 2016 e 2017, por sua vez, caíram para o equivalente a 0,7 e 1,3% do PIB, respectivamente. O objetivo anterior para cada um desses anos era de 2% do PIB, percentual que agora só deverá ser alcançado em 2018.

Operadores entenderam que a decisão representou uma derrota para o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, em seus esforços para reequilibrar as contas públicas brasileiras.

“Se parecer que o Levy vai continuar perdendo as batalhas, o mercado vai começar a colocar no preço a possibilidade de ele sair do governo, e aí sim o dólar explode”, disse o operador de um importante banco internacional.

Mais tarde, o Banco Central dará continuidade à rolagem dos swaps cambiais que vencem em agosto, com oferta de até 6 mil contratos, equivalentes a venda futura de dólares.

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